Inventaram os grandes livros de moda, e os livros muito caros. Quem o diz é Marco Ausenda, CEO da Rizzoli, numa viagem a Lisboa para lançar a primeira loja temporária da mítica editora nova-iorquina em Portugal. Não é preciso ir muito longe para perceber de que fala o italiano: numa mesa d’O Apartamento, o projeto que em maio já tinha assumido a forma de livraria pop up da alemã Gestalten, erguem-se de forma imponente os dois volumes dedicados a Tom Ford e vendidos numa caixa de tecido preta, por 126 euros.
Mas falar da Rizzoli New York não é falar apenas de grandes livros de moda e muito caros. Do catálogo da editora fazem parte 15 mil títulos — 150 novos por ano — de áreas variadas como arquitetura, decoração, arte, fotografia e comida, tudo debaixo do grande chapéu de “livros ilustrados”. Até dia 5 de outubro, 26 desses títulos estarão à venda no quinto andar da Avenida Duque de Loulé, incluindo novidades em pré-lançamento como os dois volumes de fotografias e retratos tirados pelo homem que mudou a face da moda nos últimos dez anos, Terry Richardson, o livro que passa em revista a carreira da supermodelo Cindy Crawford ou ainda o que celebra o 20º aniversário da Swarovski.
Rizzoli, uma grande história
Antes de ser a casa de publicações sobre Dior ou Giorgio Armani — cuja retrospetiva é lançada no dia 29 deste mês, numa das grandes apostas da rentrée da editoria — Rizzoli era o apelido de um órfão, Angelo, que entre as duas guerras mundiais começou a trabalhar como tipógrafo numa gráfica em Milão. “Angelo Rizzoli era muito humilde, mas cresceu e acabou por comprar a gráfica, e outras depois dessa”, conta Marco Ausenda em entrevista ao Observador. “A seguir à [segunda] guerra tornou-se um editor importante e inventou o paperback em Itália, para além de ser dono de uma equipa de futebol: o AC Milan.”
Não contente, Angelo Rizzoli começou a olhar para a internacionalização. Em 1964 mudou-se para Nova Iorque e instalou-se nada mais, nada menos do que na Fifth Avenue, onde abriu uma livraria toda em madeira, que rapidamente se tornou “a livraria internacional de Nova Iorque, com todos os jornais da Europa e livros importados”, diz Ausenda. “Nessa altura percebeu: quais são os livros que viajam melhor, quando não se conhece a língua? Os livros ilustrados.” Dez anos depois surgia a Rizzoli New York, editora que ainda hoje publica esse tipo de livros, em inglês, e que cresceu entretanto para um grupo de média que inclui, por exemplo, o jornal italiano Corriere Della Sera.
Mas a internacionalização não é a única coisa que explica o sucesso da editora. Para além de antecipar tendências e responder ao mercado — “agora é a moda e a comida que estão no auge, há 20 anos eram as viagens” –, a Rizzoli faz questão de editar objetos bonitos, que as pessoas se orgulhem de ter, seja um livro só sobre pequenos-almoços, seja uma obra massiva como a de Tom Ford que torna o conceito de coffee table book antiquado — ele é a mesa.
“Essa é outra particularidade interessante dos livros ilustrados”, diz o presidente da editora: “não sofrem com os e-books. O negócio dos livros eletrónicos está a devorar o mercado do livro escrito, e eventualmente dentro de 100 anos ficará com a maior fatia, mas o último livro real que será vendido neste mundo será um livro ilustrado.”
“O desafio dos e-books não é tanto para os editores, que podem editar os seus livros num formato digital, mas sim para os livreiros e as livrarias tradicionais”, acrescenta Joe Portelli, responsável pela área de vendas da Rizzoli. “É por isso que precisamos de encontrar sítios alternativos para vender os livros, como O Apartamento, e que nos estamos a expandir para vender o produto certo no contexto certo.”
Nome: Pop Up Store Rizzoli n’O Apartamento
Morada: Avenida Duque de Loulé, 1, 5º dto (Lisboa)
Horário: Segunda a sexta das 14h00 às 19h30; sábados das 14h00 às 19h30, até dia 5 de outubro.
Preços: 16€ a 126€