“Here’s some straight talking.” Foi desta forma que o novo ministro-sombra das Finanças britânico começou um longo discurso, na manhã desta segunda-feira, no qual explicou as principais ideias do Partido Trabalhista para o setor. John McDonnell diz estar farto de “slogans tontos” e, por isso, quer adotar um estilo de “política honesta”. Nesse sentido, foi direto ao assunto:
A austeridade não é uma necessidade económica, é uma escolha política. A liderança do Partido Conservador fez a escolha consciente, há seis anos, de que os mais ricos seriam protegidos e de que não seriam os que causaram a crise a pagá-la. Apesar de terem dito que eram uma nação, demonstraram vezes sem conta que não representam a nação, representam 1%.”
Com isto em mente, McDonnell comprometeu-se à “tarefa imensa de mudar o discurso económico” no Reino Unido, provando que há uma alternativa à austeridade para ter as contas saudáveis.
Combater o défice é importante mas rejeitamos que a austeridade seja o meio para o fazer. A nossa alternativa baseia-se no crescimento dinâmico da nossa economia, acabando com os perdões fiscais para os ricos e atacando a praga da fuga aos impostos”, disse.
Nos horizontes do Labour está uma reforma completa do sistema fiscal britânico, que contempla um “equilibrar de contas” bastante “agressivo”, especialmente para as grandes empresas.
Vamos obrigar empresas como a Starbucks, a Vodafone, a Amazon, a Google e todas as outras a pagar a sua quota justa de impostos”, afirmou o ministro-sombra, provocando aplausos na sala, segundo relatam os jornais ingleses.
A estratégia económica do novo Labour, que o próprio McDonnell afirmou ser radicalmente diferente da seguida nos últimos governos britânicos, será implementada no país quando o partido chegar de novo ao poder e contará com o aconselhamento de um painel de economistas, do qual farão parte pessoas como Thomas Piketty e Joseph Stiglitz. Nesse painel, “todas as políticas que propusermos e todos os instrumentos económicos que considerarmos serão rigorosamente testados até ao extremo antes de os introduzirmos”, garantiu o ministro-sombra.
Convencido de que “o povo britânico está farto de ser inferiorizado por políticos que dizem pouco mais do que slogans tontos e analogias erróneas”, John McDonnell chamou para si próprio a tarefa de transformar o discurso económico do país numa “conversa adulta”, em vez da “bulha pueril” que diz ser atualmente.
Pode ler o discurso completo de John McDonnell, em inglês, aqui.