Os estados-membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) apoiam o Brasil na “corrida” a um lugar de membro permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas, disse esta quarta-feira à Lusa o chefe da diplomacia portuguesa, Rui Machete.

“Nos discursos da Assembleia-Geral que fiz nos dois últimos anos insisti nesse ponto e, desta vez, o Presidente (da República) Aníbal Cavaco Silva voltou a insistir”, afirmou Machete.

O ministro dos Negócios Estrangeiros português falou à Lusa após a reunião desta quarta-feira dos chefes da diplomacia da organização lusófona, na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque.

“Este é um ponto em que consideramos que se justifica que o Brasil e outros países, cuja dimensão e importância nas relações internacionais e economia mundial, tenham a sua presença como membro no Conselho de Segurança. Estamos ainda longe de uma visão da ONU nesse sentido”, comentou.

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A reforma do Conselho de Segurança teve início com o então secretário-geral da ONU, Kofi Annan (1997-2007), e arrasta-se desde então.

O homólogo brasileiro, Mauro Vieira, afirmou que “[Este apoio] já foi expresso em mais de uma ocasião, inclusive em documentos oficiais. Todos os países apoiam o pleito brasileiro de reforma do Conselho de Segurança e de o Brasil tornar-se membro permanente do Conselho”, disse à Lusa.

Atualmente a Comissão para a Consolidação da Paz da ONU na sua Configuração Específica para a Guiné-Bissau é presidida pelo brasileiro Antônio Patriota, ex-ministro das Relações Exteriores, o que pode fortalecer o papel internacional do Brasil.

“O Brasil ajuda no diálogo, na criação de consenso e dá apoio a resoluções negociadas, sobretudo com a participação de forças políticas e interessadas de cada país. A vocação do Brasil é dialogar e trazer nossas experiências para a solução dos problemas em outros países. Temos uma herança cultural e social comum que facilita a comunicação”, reforçou.

No seu discurso na Assembleia-Geral, nesta segunda-feira, o Presidente Cavaco Silva não só defendeu a reforma do CS como também saiu em defesa de que a língua portuguesa seja incluída como idioma oficial da ONU.

“O Conselho de Segurança desempenha um papel primordial neste âmbito [na resolução de conflitos e garantia dos direitos humanos]. Para que possa desempenhar da forma mais eficaz o seu mandato, deve refletir as realidades do nosso Mundo, o que pressupõe um alargamento de ambas as categorias de membros, a par de uma revisão dos seus métodos de trabalho”, disse.

E ainda declarou que a língua portuguesa é “um veículo de comunicação global e economicamente relevante, na qual se exprimem cerca de 250 milhões de pessoas da Ásia à Europa, da África à América na sua vida quotidiana. É também língua oficial e de trabalho em diversas organizações internacionais, nomeadamente em algumas das agências especializadas das Nações Unidas. A legítima ambição da CPLP é ver a língua portuguesa como língua oficial das Nações Unidas”.