O Presidente da República encarregou esta terça-feira Pedro Passos Coelho de desenvolver “as diligências com vista a avaliar possibilidades de constituir uma solução governativa que assegure a estabilidade política e a governabilidade”, mas deixou claro que isso não pode ser feito com partidos que são contra a NATO ou o euro, ou seja, pediu acordos com o PS.

“O governo a empossar deverá dar aos portugueses garantias firmes de respeitar os compromissos internacionais historicamente assumidas e as grandes opções estratégicas adotadas pelo país desde a instauração de regimes democráticos e sufragadas nestas eleições pela esmagadora maioria dos cidadãos”, disse, referindo-se à NATO e à adesão plena à União Europeia e à zona euro. “É fundamental que seja agora formado um governo estável e duradouro como acontece em todas as democracias europeias“, insistiu, numa comunicação ao país.

Cavaco sublinhou que “cabe aos partidos revelar abertura para o compromisso que assegure uma solução governativa consistente” e deixou o aviso: “Que fique claro que, nos termos da Constituição, o PR não pode substituir-se aos partidos no processo de formação do Governo“.

A declaração de Cavaco, às 20h15, ocorreu duas horas depois de ter estado reunido com Passos Coelho esta tarde no rescaldo das eleições legislativas de domingo. Na sequência da reunião, PSD e CDS fizeram o acordo de Governo, ainda antes de os partidos falarem com o PS ou mesmo de os restantes partidos serem ouvidos pelo Presidente.

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Na curta mensagem, o PR lembrou ainda que o país deve “seguir uma trajetória sustentável de crescimento da economia e criação de emprego, que permita a eliminação dos sacrifícios que foram exigidos aos portugueses e o combate às situações de pobreza”.

No caderno de encargos, colocou também a sustentabilidade da dívida pública, o equilíbrio das contas externas, a redução do endividamento para com o estrangeiro e a competitividade da economia.

As reacções não se fizeram esperar. O primeiro foi o PCP, pela voz do líder parlamentar, João Oliveira, acusando o Presidente da República de estar a “patrocinar” uma “solução governativa que foi rejeitada nas urnas”. Ora, para João Oliveira, Cavaco está a “patrocinar” um governo que insiste no “caminho de destruição” e na “perpetuação de uma política” assente” na “submissão externa”.

Do lado do PSD e CDS, disponibilidade total. Marco António Costa, do PSD, falou só para o PS pedindo abertura. “Toda a gente sabe qual é a disponibilidade do CDS quando são precisos compromissos”, disse, por seu lado, João Almeida, no Largo do Caldas, onde o conselho nacional do partido estava reunido.

O vice-presidente do PSD defendeu que a declaração do Presidente da República está “em linha” com o discurso feito por Passos Coelho na noite eleitoral, e que apontava para a necessidade de entendimentos com o PS. O PSD está, assim, com “a maior atenção e total identificação com objetivos e preocupações manifestados pelo Presidente da República”, disse Marco António Costa.

Falando aos jornalistas a meio de uma reunião do Conselho Nacional do partido, o vice-presidente social-democrata identificou o PS como “o único partido” com que é possível procurar “uma solução de política de estabilidade”, lembrando que o presidente do PSD já tinha dado essa indicação no discurso da noite eleitoral.

“O presidente do PSD já tinha dado indicação de que iria contactar o PS para vir a encontrar pontos de convergência para uma solução negociada”, reiterou, sublinhando que essa busca por uma solução terá de se fazer junto do único partido que se filia nos mesmos princípios europeus e da moeda única do que o PSD e o CDS.