Do Mourinho do PS à deputada do BE que estava nas listas só para não deixar o espaço em branco. São muitos os deputados ‘estreantes’ que foram eleitos nestas eleições legislativas. Entre eles, uns são já conhecidos do cenário político português, apenas nunca tinham sido deputados. Outros, no entanto, estão agora a entrar pela primeira vez na área da política.

Um dos deputados estreantes que se tornou mais mediático é Ricardo Mourinho Félix, um primo direito (pelo lado paterno) do famoso treinador português José Mourinho. Com 41 anos, Ricardo Mourinho Félix é deputado do Partido Socialista, eleito pelo círculo eleitoral de Setúbal, sendo que já é militante do partido desde os 18 anos. Ocupa o cargo de gestor intermédio do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal, e ajudou a escrever o cenário macro-económico do programa do PS. Concorreu a São Bento no sexto lugar da lista socialista de Setúbal, tendo o partido conseguido eleger sete deputados nesse distrito.

E se Ricardo Mourinho esperava ser eleito para a Assembleia da República, Domicília Costa só estava nas listas do Bloco de Esquerda do Porto “para preencher” o espaço não estando à espera de ser eleita deputada, contou ao Jornal de Notícias. (O resultado do Bloco de Esquerda nas legislativas foi surpreendente para o próprio partido, que atingiu um máximo histórico de deputados na Assembleia da República: 19). Com 69 anos, Domicília era uma das candidatas independentes do Bloco de Esquerda. Doméstica de profissão, conta no currículo o facto de ter sido uma antiga responsável pelas casas clandestinas do Partido Comunista, durante a ditadura. “Só me vai complicar a vida. Toda a gente me diz que tenho que ir para Lisboa. Não sei como me vou organizar”, confessou ao JN.

E quem é o deputado mais novo na Assembleia da República (AR) nesta legislatura? Chama-se Luís Monteiro, tem (apenas) 22 anos e foi eleito pelo Bloco de Esquerda no círculo eleitoral do Porto, noticia o Público. No sentido oposto, Alexandre Quintanilha é o deputado mais velho. Tem 70 anos e era o cabeça de lista socialista pelo Porto.

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Ainda no Bloco de Esquerda, dois dos dirigentes do partido, Isabel Pires e Moisés Ferreira, vão ter assento parlamentar durante esta legislatura. Isabel Pires foi eleita pelo círculo de Lisboa e Moisés Ferreira pelo círculo de Aveiro.

Já no centro-esquerda, entrou Manuel Caldeira Cabral. É independente e foi convidado por António Costa: “Recebi um telefonema em que me desafiou e acho que esta é a altura certa”, disse ao Diário Económico. Antes disso, o dirigente socialista já tinha pedido a Caldeira Cabral que fizesse parte da equipa que elaborou o cenário macro-económico do PS. No artigo do Económico também é dito que este novo deputado já tinha feito “várias aproximações à política nos últimos anos” mas que esta é a primeira vez que participa ativamente.

Mais à direita, estreia-se como deputada pela coligação Portugal à Frente, candidata independente do CDS, Patrícia Fonseca de Oliveira. Apesar de ser a primeira vez que tem assento na AR, Patrícia de Oliveira, professora agrária, foi adjunta da ministra da agricultura, Assunção Cristas. O seu nome foi o último a ser apresentado pelo CDS/PP.

Das regiões autónomas, apesar de estreantes na Assembleia da República, os novos deputados menos conhecidos fazem quase todos parte das andanças políticas, quer dos Açores, quer da Madeira. Aliás, metade destes novos deputados apenas arrumam as malas, deixam as respetivas assembleias regionais e terão que organizar as novas secretárias em São Bento.

Eleitos pelo círculo eleitoral dos Açores, três dos novos deputados são: António Ventura que era deputado no Parlamento Regional e presidente do PSD da Terceira; Lara Martinho, do PS, também deputada regional, e secretária geral da Câmara do Comércio de Angra; e João Castro, também socialista, e antigo Presidente da Câmara Municipal da Horta.

Já no círculo eleitoral da Madeira foram eleitos, pelo PSD, Sara Madruga da Costa, deputada no Parlamento Regional; Rubina Bernardo, que é ex-dirigente da JSD da Madeira; e Paulo Neves, um antigo diretor do Diário de Notícias da Madeira. À esquerda foram eleitos, pelo PS, Carlos João Pereira, o presidente do Partido Socialista – Madeira, que também já foi deputado da Assembleia Legislativa da Madeira; e Luís Miguel Vilhena de Carvalho, arquiteto de profissão, tendo sido vereador sem pelouro na Câmara Municipal do Funchal.

Outros rostos menos conhecidos que vão ocupar uma cadeira em São Bento são: João Torres, atual secretário geral da Juventude Socialista (JS), que disse ao Observador em finais de agosto que “a voz da JS será sempre progressista na Assembleia, mesmo em relação ao PS”; Jorge Simões e Jorge Campos, ambos independentes pelo Bloco de Esquerda; e, da CDU, Ana Virgínia Pereira e Ana Mesquita, ambas membros da Direção da Organização Regional do PCP, a primeira no Porto, a segunda em Lisboa.

Os deputados estreantes, mas conhecidos da política portuguesa

Quem chega pela primeira ao Palácio de S. Bento, que teve as suas origens no primeiro mosteiro beneditino edificado em Lisboa no ano de 1598, são os já experientes Carlos César, que foi presidente do Governo Regional dos Açores pelo PS, Berta Cabral, ex-líder do PSD-Açores e secretária de Estado da Defesa, ou Maria Manuel Leitão Marques, que já foi secretária de Estado da Reforma administrativa.

No lote de novatos nas lides do Parlamento, contam-se ainda Margarida Marques, ex-responsável da Comissão Europeia em Portugal, Porfírio Silva (um dos principais conselheiros de Costa), Margarida Mano e Helena Freitas, vice-reitoras da Universidade de Coimbra, os economistas Mário Centeno e Paulo Trigueiro Pereira ou o investigador Tiago Brandão Rodrigues.