A bielorrussa Svetlana Aleksievich acaba de ganhar o prémio Nobel da Literatura 2015. Em 112 laureados, Aleksievich é a 14ª mulher e a quarta autora de não ficção. Os outros quatro escritores foram Theodor Mommsen, em 1902, Henri Bergson, em 1927, Bertrand Russell, em 1950, e Winston Churchill, em 1953. O Nobel da Literatura não era atribuído a escritores de não ficção há mais de meio século.
Em outubro de 2014, a revista New Yorker escrevia precisamente sobre o “tratamento ignóbil” a que a escrita de não ficção estava sujeita: “É possível que o comité do Nobel possa finalmente reverter o tratamento ignóbil daquilo a que chamamos ‘escrita de não ficção’ e admita que tal é literatura?”. A pergunta tinha um contexto: à data, a casa de apostas britânica Ladbrokes apontava, a propósito do Nobel da Literatura 2014, para 46 candidatos e colocava Svetlana Aleksievich em terceiro lugar — o galardão seria entregue ao francês Patrick Modiano.
BREAKING NEWS The 2015 #NobelPrize in Literature is awarded to the Belarusian author Svetlana Alexievich pic.twitter.com/MABhwFJ8Lu
— The Nobel Prize (@NobelPrize) October 8, 2015
A aposta falhou no ano passado, mas acertou neste. Em Portugal, apenas é possível encontrar um livro da autora, O Fim do Homem Soviético, publicado em abril deste ano pela Porto Editora. Além de Svetlana Aleksievich, estes são os quatros outros autores de não ficção já galardoados com o Nobel da Literatura.
Winston Churchill (1953)
Foi jornalista, correspondente de guerra, pintor e um leitor ávido. Além disso, o primeiro-ministro que liderou a Grã-Bretanha durante a Segunda Guerra Mundial também foi escritor. Foram os seus textos de índole histórica que o elevaram ao pódio da literatura, sobretudo os seis volumes de memórias da Segunda Guerra Mundial. No ano em que foi distinguido, 1953, passou a ser o sexto britânico a receber o Prémio Nobel da Literatura, pelo seu “domínio na descrição histórica e biográfica” e pela “brilhante oratória na defesa exaltada dos valores humanos”.
Bertrand Russell (1950)
O escritor britânico, então com 78 anos, foi distinguido pela Academia Sueca pelos seus trabalhos relevantes na área dos “ideais humanitários” e da “liberdade de pensamento”. É considerado um dos maiores filósofos do século passado, tendo escrito sobre uma vastidão de temas: desde os fundamentos da matemática aos direitos das mulheres. O livro Porque não sou cristão é uma das suas obras mais polémicas.
Henri Bergson (1927)
O filósofo francês Henri Bergson recebeu o Nobel em 1927 “em reconhecimento das suas ideias ricas e vitalizadoras e da capacidade brilhante com que foram apresentadas”. Os seus trabalhos de maior relevância incluem Time and free will, an essay on the immediate Data of Consciousness (1889), Matter and Memory (1896) e Creative Evolution (1907).
Theodor Mommsen (1902)
É preciso recuar a 1902 para encontrar o primeiro escritor de não ficção a ser laureado. Mas Theodor Mommsen foi também o segundo escritor na história da literatura a receber a distinção — à data, nada fazia prever que o comité do Nobel fechasse os olhos, por um longo período de tempo, à escrita de não ficção. Mommsen é considerado pela Academia Sueca “o maior mestre vivo na arte da escrita histórica, com especial referência à sua obra monumental A History of Rome“.