O BCP vai fundir o Millennium Bank em Angola com o Banco Privado Atlântico (BPA), uma decisão que surge na sequência das alterações que o Banco Central Europeu (BCE) impôs e que, ao deixar de dar equivalência aos reguladores em Angola tornou mais penalizador o investimento dos bancos portugueses naquele país – uma questão que obrigou, também, o BPI a propor uma cisão do banco que controla as operações africanas. Perante a desaceleração da economia e do mercado bancário angolano, a unidade do BCP decide aliar-se ao BPA de Angola, um banco que é liderado por Carlos Silva, um dos vice-presidentes do conselho de administração do BCP, por representação da Sonangol (maior acionista do BCP, com 19,44%) e da InterOceânico (que tem 2,52%).

A informação acaba de ser divulgada pelo BCP ao regulador do mercado português, a CMVM. Em comunicado, o banco liderado por Nuno Amado afirma que esta operação “reforça a capacidade de expansão em Angola” e cria “condições para crescer em contexto adverso e, simultaneamente, adaptar-se à implicações decorrentes da alteração da equivalência de supervisão”.

Ainda não foi batizada a nova instituição que irá nascer desta fusão, que aguarda, agora, aprovação dos reguladores. O Millennium Bank (BMA) foi criado no final da década passada e tem quotas de mercado de 4% no crédito e 3% nos depósitos. Estas quotas de mercado conferem ao BMA o estatuto de sexto maior banco angolano no crédito e oitavo maior nos depósitos.

O Millennium Bank Angola é controlado em 50,1% pelo BCP e o banco português vai, agora, ficar com 20% da nova entidade mas vai nomear 5 dos 15 administradores.

Já o Atlântico é, informa o BCP, o quinto maior banco em Angola em ambos os segmentos. Foi fundado em 2006 por Carlos Silva, que saiu, na altura, do BESA. Carlos Silva foi, aliás, um dos fundadores dessa instituição e quando saiu, em 2005, era administrador executivo. Saiu em 2005, portanto, para fundar o Banco Privado Atlântico, que aposta nos segmentos de clientes empresariais e banca privada em Angola.

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A instituição que deverá resultar da fusão passará a ser o terceiro maior banco angolano em termos de quota de mercado no crédito e quinto maior em depósitos.

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“Mecanismos que asseguram controlo e uma gestão eficazes dos riscos”

O BCP informa que “ficaram definidos mecanismos que asseguram um controlo e uma gestão eficazes dos riscos, de acordo com as melhores práticas, nomeadamente atribuindo aos administradores indicados pelo Millennium BCP os pelouros do Risk Office e do Crédito“.

Além disso, o “memorando de entendimento prevê para a nova entidade um Conselho de Administração constituído por 15 membros, dos quais 5 nomeados pelo Millennium bcp, bem como uma Comissão Executiva de 7 membros, incluindo 2 indicados pelo Millennium bcp. O Millennium bcp indicará ainda um dos vice-presidentes do Conselho de Administração, o qual presidirá à Comissão de Riscos ou à Comissão de Auditoria, bem como um dos vice-presidentes da Comissão Executiva”.

Será, ainda, contratado um auditor independente para verificar a valorização das participações de cada um dos bancos.

O BCP tem vivido um “carrossel” em bolsa nas últimas semanas, com um elevado volume de transações que aceleraram nos últimos dias (que pode verificar na parte inferior do gráfico abaixo). As ações do banco chegaram, no final de setembro, a perder quase 59% face ao valor mais elevado tocado este ano (9,88 cêntimos). Desde então, subiram mais de 50% e abriram esta quinta-feira a negocar nos 6,02 cêntimos por ação – atribuíndo ao banco um valor total bolsista de 3.590 milhões de euros.

BCP PL Equity (Banco Comercial P 2015-10-08 10-25-19