Estávamos em 1950 quando o médico Ernst Grafenberg identificou o ponto G. Desde então, homens e mulheres de todo o mundo têm procurado insistentemente por esse “botão do prazer” feminino. Mas a demanda pode revelar-se infrutífera, dado que um novo estudo vem sugerir que o ponto G, afinal, não existe. A mesma lógica aplica-se também aos orgasmos vaginais, mas já lá vamos.
O estudo é da autoria dos sexólogos Vincenzo Puppo e Giulia Puppo, do Centro Italiano de Sexologia da Universidade de Florença e foi publicado no jornal Clinical Anatomy. De acordo com a investigação, a chave para o prazer sexual da mulher é o clitóris, que contém um conjunto de tecidos eréteis que podem ser “efetivamente estimulados”, escreve a publicação online Medical Daily.
I finally had an orgasm, and my husband didn't even know http://t.co/Jz3luEv7RP pic.twitter.com/BhflNgVkLl
— Salon (@Salon) October 7, 2015
Os investigadores pediram o apoio de outros sexólogos e especialistas na área para reformular a forma como a anatomia e o prazer sexual femininos são discutidos, uma vez que a controversa pesquisa encara a vagina e o clitóris como duas estruturas separadas, sem qualquer relação anatómica.
“O orgasmo vaginal que algumas mulheres relatam é sempre causado pelos órgãos erécteis circundantes”, escrevem os autores Vincenzo e Giulia Puppo. “A vagina não tem uma relação anatómica com o clitóris.”
A propósito disso, o Daily Beast diz que a pesquisa em questão vai contra a teoria do neurologista austríaco Sigmund Freud, que defendia que os orgasmos derivados do clitóris eram um “fenómeno adolescente” e menos poderosos que os orgasmos vaginais, por ele considerados “maduros”. Com o passar do tempo seguiram-se outros estudos que haveriam de contrariar a teoria, nomeadamente os de Alfred Kinsey e da equipa Masters & Johnson. No primeiro, Kinsey entrevistou 11 mil mulheres, cuja maioria garantiu nunca ter tido um orgasmo vaginal; no segundo, o duo norte-americano não só refutou a ideia de Freud, como constatou que as mulheres eram capazes de múltiplos orgasmos num curto período de tempo.
Every Type of Orgasm You Could Possibly Hope to Have http://t.co/NQwymp6LxF pic.twitter.com/sZsKXy4Dum
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Apesar das muitas pesquisas que têm sido feitas ao longo do tempo, uma coisa é certa: o ponto G, mito ou não, continua a dar que falar. Sobre isso, Fernando Mesquita esclarece que este é um tema pouco consensual dentro da comunidade de sexólogos e que há quem defenda a inexistência do ponto mítico. O terapeuta sexual esclarece ainda que há mulheres mais sensíveis em determinadas zonas do corpo do que outras.
O problema do ponto G é que consideramos que toda a gente o tem e quem não o encontrar vai pensar que tem um defeito. E é isso que os sexólogos tentam desmistificar. Nem todas as mulheres têm de ter prazer nessa zona e, em termos sexuais, é melhor uma exploração geral do corpo do que estar à procura do «botão do prazer»”.
Mesquita lembra mais um estudo que aponta para a inexistência da zona erógena, desta vez da autoria de investigadores do King’s College, no Reino Unido. O mesmo contou com 1800 mulheres britânicas com idades compreendidas entre os 23 e os 83 anos — o grupo de estudo era composto por mulheres gémeas verdadeiras e falas. Em suma, houve respostas diferentes em relação à existência do ponto G considerando mulheres que partilhavam os mesmos genes.
Partindo da pesquisa citada, o sexólogo português esclarece que também ele não acredita na existência do ponto associado ao prazer sexual e adianta que esta pode ser uma “questão psicológica”. “A mulher tem o único órgão que existe só para dar prazer é o clitóris. Já o pénis serve para urinar e ter prazer. Se há um ponto a explorar, seria o clitóris.”
Está claro que a discussão está longe de acabar — um conjunto de investigadores italianos afirmou, em 2008, ter localizado a zona erógena através de scanners de ultra-sons — e que a revista Cosmopolitan vai continuar empenhada em ensinar às suas leitoras como encontrar o ponto G. Até existirem provas, deixamos ficar a cena que Meg Ryan imortalizou no filme de 1989, Um Amor Inevitável:
best 80's movies scenes — > When Harry Met Sally – Restaurant Orgasm Scene https://t.co/S1lDilLMUW via @YouTube The best scene ever. Done
— Andrea Dorea (@DeaDorea) May 15, 2015