Depois de Blatter, agora foi a vez de Michel Platini vir dizer que a verba de 1,8 milhões de euros que recebeu do presidente da FIFA resultou de “um acordo de cavalheiros” e, por isso, não há um contrato escrito a comprovar a origem do pagamento.

Em entrevista ao Le Monde, Platini disse que o acordo foi feito em Singapura em 1998, quando Blatter o convidou para ser seu conselheiro de futebol e lhe perguntou quanto queria ganhar. Platini recordou a conversa de então: “‘Quanto queres? – perguntou-me ele. E eu respondi: ‘Um milhão’. ‘De quê?’. ‘Do que tu quiseres’. Naquela época ainda não havia euro. E ele respondeu ‘ok, um milhão de francos suíços por ano'”.

Porém, passados uns meses de trabalho, sem qualquer pagamento, Platini diz que questionou Blatter sobre os salários em atraso e foi então que o presidente da FIFA lhe respondeu que, em francos suíços, o valor acordado triplicava o salário do secretário-geral da FIFA, pelo que teria de baixá-lo para 300 mil francos suíços (270 mil euros) por ano e que lhe pagaria mais tarde o restante até perfazer o milhão por ano.

Platini foi conselheiro entre 1998 e 2002, mas só em 2011 contactou a FIFA para cobrar o dinheiro em dívida. E, na altura, conta, enganou-se em seu prejuízo e fez as contas como se tivesse ganho 500 mil francos por ano, ao invés dos 300 mil. Por isso pediu 500 mil francos por cada um dos quatro anos que lá trabalhou e enviou uma fatura no valor de 2 milhões de francos, ou seja, 1,8 milhões de euros, que foi paga 10 dias depois. Platini garante que pagou todos os impostos sobre o montante. Mas esses 1,8 milhões estão agora a ser investigados.

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Já na sexta-feira, Joseph Blatter, presidente demissionário da FIFA também suspenso pelo Comité de Ética do organismo, tinha dito, em entrevista a um canal de televisão suíço RROTV que o pagamento de 1,8 milhões de euros a Michel Platini “foi um acordo de cavalheiros”.

No passado dia 8 de outubro, Platini foi suspenso por 90 dias pelo Comité de Ética da FIFA, assim como o presidente e o secretário-geral do organismo regulador do futebol mundial, o suíço Joseph Blatter e o francês Jérôme Valcke, por implicação no escândalo de corrupção que atingiu a instituição.

A 25 de setembro, o Ministério Público suíço instaurou um processo criminal a Blatter, que foi interrogado na qualidade de arguido, por suspeita de gestão danosa, apropriação indevida de fundos e abuso de confiança. Platini foi ouvido na qualidade de testemunha e acabou por ser implicado no processo, por ter recebido de Blatter um pagamento ilegal, feito “em prejuízo da FIFA”, no valor de dois milhões de francos suíços (perto de 1,8 milhões de euros).