Tem pouco mais de um mês a nova cria de okapi do Jardim Zoológico de Lisboa. Nascida a 14 de setembro, esta pequena fêmea é o segundo nascimento de okapis na capital. Uma conquista importante tendo em conta que esta espécie é muito difícil de reproduzir sob cuidados humanos. Em 2010, das duas crias que nasceram na Europa, apenas sobreviveu a cria de Lisboa, informa o Jardim Zoológico.
Habituados a viver numa floresta tropical densa, e facilmente perturbáveis com barulhos estranhos, estes animais vivem numa zona do Zoo onde podem estar minimamente recatados. E ouvem rádio 24 horas por dia, para manterem um som ambiente familiar e se abafarem os sons do exterior. Até porque quando a fêmea entra em stress pode deixar de produzir leite e a cria morre de fome. Caso grave, porque a cria pode ter de mamar até aos nove meses.
Ataque à Reserva de Okapis
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A reserva de okapis, na República Democrática do Congo, junto ao rio Epulu, foi atacada no dia 24 de junho de 2012. Cinquenta guerrilheiros, alegadamente caçadores furtivos ou mineiros ilegais, entraram na reserva, mataram sete pessoas, violaram várias mulheres, mataram os 14 okapis que existiam no parque e saquearam e queimaram as instalações.
Projeto de Conservação do Okapi
Embora só tenham sido descritos pela primeira vez em 1901, pelo então governador do Uganda, Sir Harry Johnston, os okapis selvagens já é considerada “ameaçada” pela União Internacional de Conservação da Natureza (IUCN) e têm de enfrentar muitos riscos que podem pôr em causa a sua sobrevivência – sobretudo a destruição do habitat e os conflitos armados. Ou não fosse esta espécie endémica da República Democrática do Congo, mesmo no meio de uma zona de conflito.
Nas instalações recatadas do Zoo de Lisboa, a fêmea pode não só dar à luz numa zona interior e isolada, como depois afastar-se para o exterior, para uma zona que simula a floresta densa. Assim estão criadas condições equivalentes às que teria na natureza, quando deixa a cria no abrigo e sai para procurar alimento.
Mas, afinal o que são okapis?
Tem pelo castanho-escuro e lustroso em todo o corpo, mas as patas traseiras são decoradas com riscas brancas mais ou menos horizontais. Esta é uma boa estratégia para o okapi (Okapia johnstoni, como o nome de quem o descreveu) se manter camuflado nas florestas tropicais densas da República Democrática do Congo onde vive.
Se a parte traseira é curiosa, a parte da frente não nos deixa menos confusos. O pescoço é comprido, não tanto como o de uma girafa, mas proporcionalmente maior do que o de um cavalo. E de facto, os okapis são parentes das girafas e partilham com estas mais duas características especiais: os pequenos cornos cobertos de pele e pelo no topo da cabeça e a língua comprida.
A língua pode ter cerca de 35 centímetros, grande o suficiente para lamber os olhos e as orelhas. Quem disse que só os gatos é que se lavavam?! E tal como a língua das girafas é escura, sugerindo uma película que as protege, e preênsil, permitindo agarrar as folhas e frutos de que se alimentam.
Viver numa floresta densa implica ter os sentidos apurados e as grandes orelhas são uma boa demonstração disso. A mãe e cria comunicam por sons semelhantes a balidos, quando a cria é deixada no abrigo e a mãe sai para se alimentar.
E também o olfato desempenha um papel importante. Os animais são solitários e fazem marcação de território. E essas marcações também revelam quando os animais estão prontos para acasalar.