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Djaimilia Pereira de Almeida

Convidado

Artigos publicados

Cidades

Uma árvore

Regressada à saúde, protegida pelos meus, penso em modos de agradecer à árvore que me deu guarida.
Casas

Casas de sonho

Talvez as casas sejam soberanas, e uma parte do seu espírito infunda mesmo a vida de quem nelas vive.
Estranha Natureza

No jardim

Jardineira, vou dando conta de que o jardim imaginado é que cuida de mim e, a certo ponto, me escraviza.
Imigrantes

Lisboa, mapa interior

Afastados do centro, distantes dos símbolos nacionais, os imigrantes vivem, trabalham e pagam impostos num país que não sentem exactamente seu, nas franjas de uma cidade que não reconhecem.
Crónica

A amizade

Vejo a gargalhada da amiga nova em minha casa, como mandava a cabeça para trás, como estava feliz por estarmos juntas, liberdade é talvez esquecermo-nos de almoçar.
Crónica

O direito ao prazer

Conheci mais do que um escritor que foge de livrarias. Agora, são também os vivos que afligem, o mar de livros, a pergunta teimosa: para quê escrever, se já existe tudo isto?
Crónica

Uma certa desprevenção  

Espanta a longevidade do “Estão lá” de Velho da Costa, à medida que vamos caminhando para uma nova era do estigma a respeito das doenças mentais: a  democratização da sua aceitação.
Crónica

Florir em Dezembro

Existe também, para cada pessoa, a sua situação poética, que se prende com o que vamos fazendo de nós, à medida que o tempo vai passando. É a parte ínfima da vida em que nos vamos criando.
Livros

Uma sismografia

Não nos reconhecermos nos sublinhados que outrora fizemos nos livros mostra que já não somos os mesmos, ainda que respondamos pelo mesmo nome e que os livros velhos ainda sejam nossos.
Cultura

Estar vivo

Uma das coisas maravilhosas dos seres humanos é a nossa tenacidade para fazer planos, nem que seja o plano de regar as plantas logo à noite, porque é Verão.
Cultura

Pensar com as mãos

A caligrafia é uma técnica humana que acompanha o pensamento. O que perdemos ao deixarmos de ser capazes de pensar com as mãos e de transmitir às mãos aquilo em que estamos a pensar?
Praia

Longe da praia

Não ser daqui não é apenas não ter aquilo a que se costuma chamar uma terra, mas passar por aqui sem um reconhecimento da natureza — paralelo do reconhecimento humano, muitas vezes também ausente.
Cultura

Sorrindo contra o vento

Os vivos são quem leva a desordem para dentro dos cemitérios, onde as coisas têm o seu lugar numerado. Se os nossos mortos não se aguentam arrumados, é apenas porque continuamos vivos.
Pessoas

Na sala ao lado

Quem ficará para ouvir a melodia defunta do que acrescentámos aos nossos bairros, aos nossos quintais e à vida dos outros?
Terceira Idade

A margem

A juventude é um muro alto. Saltado o muro, uma pessoa já não se lembra se ao saltar magoou os joelhos, nem saberia dizer se caiu mal: apenas que não consegue saltar de novo para trás.
Estilo de Vida

Direito de desaparecer

Não há quem desapareça sem se sentir também mais ou menos culpado. Seja como for, torno-me impiedosa: encolerizo-me com menos de nada se algum obstáculo me impede de estar metida na minha vida.
Sociedade

O ditado

Se quisermos ser fiéis ao ritmo da fala de uma pessoa, percebemos a pontuação como um solfejo da humanidade. Fatalmente, pontuamos os outros da maneira como ressoam em nós.
Pessoas

Os Belchiores

Certos lugares morrem com as pessoas que os animam. Talvez a imortalidade das pessoas adquira a forma dos espaços que, fora do coração dos outros, deixaram vagos — e que ninguém voltará a ocupar.
Fotografia

Ângulos mortos

Dentro da cidade e das instituições há por vezes um talhão de terra ou uma sala que não importam a ninguém salvo a dois ou três amigos. Enquanto duram, acolhem conversas, sonhos, bebedeiras, orações.
Férias

Família em férias

As férias passadas com os pais durante a adolescência são temporadas fundadoras. Lisboa pode bem ser, para muitos dos que nos visitam, o início ignorado da sua vida adulta.

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