Quando se discutem as consequências das alterações climáticas não se costuma abordar o risco do fim da cerveja belga. Mas a ideia pode não ser tão absurda quanto isso – sobretudo no caso das cervejas artesanais lambic, muito consumidas na Bélgica.

Estas cervejas têm um método de produção singular, que sofre com os efeitos do aquecimento global. Isto porque o método tradicional, habitualmente usado, implica que a mistura da cerveja seja colocada a arrefecer ao ar livre, para que se dê o processo de infusão natural entre o líquido e as leveduras existentes no ar.

Um dos produtores artesanais que mais se queixa dos efeitos das alterações climáticas neste mercado é Jean-Pierre van Roy, o dono da Cantillon Brewery, uma empresa especializada na produção das cervejas lambic. Segundo Jean-Pierre van Roy, o aquecimento global tem implicado a redução da produção de cerveja da sua empresa, e obrigou-o mesmo a parar temporariamente a produção em novembro, como explica à agência de notícias francesa AFP:

Tivemos de deitar fora três produções previstas para esta segunda-feira, para esta quarta-feira e para a próxima segunda-feira, porque as temperaturas noturnas estão neste momento entre os 10 e os 15 graus centígrados, o que é, indiscutivelmente, demasiado quente [para a produção].

Jean-Pierre van Roy não tem dúvidas que as alterações climáticas dos últimos anos afetaram de forma profunda o seu negócio. “As mudanças climáticas têm sido significativas nos últimos 20 anos. Há 50 anos o meu avô produzia desde meio de outubro até maio – mas eu nunca o pude fazer, e já vou no meu 15º ano [no ramo]”, queixa-se à AFP.

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