A economia japonesa caiu em recessão técnica no terceiro trimestre, penalizada por uma quebra do investimento que mostra que os empresários japoneses não estarão a dar ouvidos ao repto de Shinzo Abe, que os incentivou a investir. O primeiro-ministro vê a economia cair em recessão pela segunda vez desde dezembro de 2012, altura em que foi eleito para lançar uma política de estímulos tudo ou nada, que ficou conhecida como Abenomics. 

O produto interno bruto japonês contraiu-se 0,8% no terceiro trimestre, foi anunciado nesta segunda-feira. O recuo manteve a tendência da contração de 0,7% (revista) no trimestre anterior. Dois trimestres consecutivos de recuo na economia correspondem à definição de recessão técnica.

A dimensão da contração do PIB no terceiro trimestre foi ainda mais negativa do que a que previam os economistas, já que estes apontavam para uma descida de apenas 0,2%. O valor terá sido um reflexo do desânimo dos empresários japoneses, perante a desaceleração na China e as perspetivas menos animadoras para algumas das principais economias mundiais. E poderá criar pressão sobre Shinzo Abe e o governador do banco central, Haruhiko Kuroda, para que sejam reforçados os estímulos à economia – entre os quais, estímulos monetários e reforço do investimento público.

Mas já há especialistas que veem nestes dados a confirmação de que a Abenomics continuará a produzir resultados pouco impressionantes. “Este relatório ilustra o risco crescente de que a economia japonesa irá continuar o seu desempenho dececionante“, diz à Bloomberg Atsushi Takeda, economia em Tóquio. “A fragilidade no investimento de capital [formação bruta de capital] está a tornar-se uma preocupação cada vez maior. Ainda que os planos [do governo] sejam sólidos, as empresas simplesmente não mostram ter confiança na resiliência da economia interna e externa”, acrescenta o especialista.

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