Segundo a ONU existem, atualmente, 193 países no mundo. Uns maiores do que outros, alguns nascendo da separação ou união de nações. Mas, por exemplo, o Vaticano, o território palestiniano ou Hong Kong ficam de fora desta lista das Nações Unidas. E há outros que não têm  sequer lugar nem nos mapas do mundo. São uma espécie de países “ocultos” que, formalmente, não existem. Mas têm território, fronteiras, população, moeda própria, bandeira e sistema de governo. 

Atlantium, Christiania, Elgalandia-Vargalandia, Molossia são os países que o geógrafo inglês, Nick Middleton denominou como “países que não existem”. E estes, como diz Middleton, à falta de uma definição concreta e aceite de “país” não são considerados como tal. São portanto micronações quase perdidas pelo mundo.

A discussão sobre a verdadeira definição de país começou em 1933 em Montevideo no Uruguai. Como conta o El Pais, foi na Conferência Internacional dos Estados Americanos que se determinou que se uma região se quisesse converter numa nação, eram necessárias quatro premissas: um território definido, uma população, um sistema de governo e a “capacidade de relacionar-se com outros Estados.”

Ora, e de acordo com esta definição, estes países que não existem podem ser considerados como tal. Mas a ONU não concorda. Ainda que eles existam mesmo.

Império de Atlantium

Comecemos então pelo Império de Atlantium. A capital deste país, localizado numa província da Austrália, é a Concordia e é uma nação “não territorial”. Ou seja, qualquer pessoa pode ser cidadão de Atlantium que foi fundada no dia 27 de novembro de 1981 por três adolescentes de Sydney – George Francis Cruickshank, Geoffrey John Duggan e Claire Marie Coulter.

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Entre outras coisas, o Império luta pelo direito ao aborto, pelo direito ao suicídio assistido e por reformas no calendário decimal.

George II imperador de Atlantium

O imperador George II de Atlantium

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No site desta micronação pode-se ler que “numa época em que as pessoas estão cada vez mais unidas pelos interesses comuns e propósitos através das fronteiras nacionais tradicionais, Atlantium oferece uma alternativa na prática histórica discriminatória de atribuir nacionalidades a indivíduos com base no seu ‘berço de nascimento’ ou circunstâncias”.

Ergalandia-Vargalandia

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Viajando até Ergalandia-Vargalandia verificamos que este nasceu da iniciativa de um grupo de artistas suecos que querem juntar todas as áreas “não ocupadas pelo homem”.

Middleton refere que estes dois países “alcançam a possibilidade de os países, tal como os conhecemos, não sejam apenas a única base legítima de organizar o planeta”. 

República de Murrawarri

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Mas há mais territórios deste género. O jornal espanhol explica que a República de Murrawarri foi fundada em 2013 na Austrália depois de uma tribo indígena enviar uma carta à Rainha Isabel II para aprovar a legitimidade da nação. Nunca houve resposta.

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Site ZAZZLE

Até há produtos de merchandising do país. Como almofadas ou t-shirts com a bandeira ou frases estampadas. 

A bandeira, e o maior símbolo do país, é de cor azul e castanha, sendo que estas representam a Terra-Mãe. O castanho remete para a terra e o azul para o céu onde os espíritos dos Murrawarri residem até ao seu regresso e a água. A estrela presente no canto superior esquerdo tem oito pontos que representam os oito grupos de clãs da República.

Hutt River

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A bandeira de Hutt River. WIKIPEDIA COMMONS

Continuando pela Austrália, que parece ser um continente fértil em países deste género, chegamos a Hutt River a 500 km a norte da cidade de Perth. Este pequeno principado, que é a micronação mais antiga localizada no país, é habitado por uma família de agricultores que criaram os seus próprios títulos reais, moeda e morada – a população total chega, portanto, aos 60 habitantes. O objetivo era não pagar os impostos sobre os produtos agrícolas.

O principado foi fundado no dia 21 de abril de 1970 por Leonar George Casley que se intitulou “Sua Alteza Real Príncipe Leonard I”.

Forvik, Sealand  e Christiania

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No Velho Continente da Europa também existem alguns destes territórios que reclamam legitimidade. Por exemplo Forvik e Sealand, no Reino Unido ou Christiania, localizada em plena capital da Dinamarca, Copenhaga.

Forvik é presidido por Stuart “Capitão Calamidade” Hill e localiza-se na ilha de Forewick Holm no Reino Unido. No site deste Estado, que a sua própria Constituição, pode-se ler que os seus governantes lutam pelo direito a uma liderança verdadeira, justa e responsável.

Já o Principado de Sealand localiza-se numa grande base naval britânica construída durante a Segunda Guerra Mundial constituindo também uma importante defesa marítima contra possíveis invasores alemães. Em 1967, a zona foi ocupado pelo então Major inglês Paddy Roy Bates e pelos seus familiares. Já foi considerada a nação mais pequena do mundo mas, atualmente, não é reconhecido como tal.

Este local pertence, pela sua tradição e história, ao Reino Unido mas está localizada fora dos domínios territoriais britânicos. O que impediu, até agora, o Governo de Londres de expulsar a família Bates. Ou seja, formalmente, Sealand é uma espécie de “terra de ninguém.”

Agora viajamos até Copenhaga e até Christiania. Esta comunidade tem cerca de 800 habitantes com uma área de, aproximadamente, 34 hectares. Este local foi ocupado, em 1971, por milhares de hippies, anarquistas e artistas como forma de protesto contra o Governo da Dinamarca. Sinal disso mesmo é que, hoje em dia, este é o único lugar da Dinamarca onde é permitido fumar cannabis. Em 2004 o Executivo tentou resolver esta questão o que levou a alguns conflitos. Atualmente decorrem negociações para normalizar e definir o estatuto jurídico desta micronação.