Os mistérios que rodeiam os sonhos fazem, ao mesmo tempo, com que seja um tema eterno de discussão. Nas artes não é diferente: as dúvidas sobre os seus significados, origens ecoamos urgem são um terreno fértil para os artistas que gostam de explorar o desconhecido – e talvez mostrar os seus próprios sonhos.

Na fotogaleria pode encontrar alguma informação de várias obras artísticas inspiradas na temática dos sonhos. Alguns deles, na verdade, foram criados na sequência de um sonho – esse limbo entre o sono profundo e a consciência. Conheça as suas histórias neste artigo, contadas pelo The Public Domain Review.

“Visão do sonho”, de Albrecht Dürer (1525)

Este artista alemão desenhou uma cordilheira de montanhas a ficar submersa durante um dilúvio. A ideia surgiu depois de um sonho apocalíptico que teve na noite de 7 para 8 de junho. Esse sonho é relatado logo abaixo do desenho. Diz Dürer que quando acordou daquela visão de “grandes águas que caíam do paraíso” e de “ventos fortes”, acordou com “todo o corpo a tremer que não conseguiu recuperar durante muito tempo”.

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“O Pesadelo”, de Heinrich Füssli (1781)

Este é o quadro de uma mulher adormecida que é visitada por monstros fantasmagóricos durante o sono. A imagem foi exibida na London Royal Academy um ano depois de ser produzida. Mas quem é a mulher dessa imagem? Os estudiosos apostam que era uma jovem por quem o pintor suíço tinha uma obsessão: Anna Landolt. O historiador Edward Burns conta que Füssli não tinha coragem de assumir os sentimentos, por isso costumava pintar os sonhos eróticos que tinha com ela, onde normalmente se imaginava a possuí-la enquanto dormia.

“Sonhar com razões produz Monstros”, de Francisco de Goya y Lucientes (1799).

Esta é um dos quadros da série “Los Caprichos”, a obra satírica do artista espanhol onde ironiza sobre o funcionamento da sociedade em Espanha durante o século XVIII. “Sonhar com razões produz Monstros” é a imagem número 43 e sobre a qual defendeu que “como na humanidade em geral, só se pode ultrapassar a superstição, ignorância e irracionalidade ao unir a razão com a fantasia”.

“Cabeças visionárias”, de William Blake (século XIX)

Em 1818, o astrólogo John Varley foi conversar com William Blake. O pintor assumiu que tinha tido visões ao longo de toda a vida e Varley achou que Blake o podia ajudar a explorar uma ideia que tinha: a de que há pessoas que podem ser “visitadas” por outras, mortas há muito tempo, na sua mente. Passaram muito tempo juntos a tentar explorar estes fenómenos. E foi em consequência dessas experiências que William Blake desenhou “Cabeças Visionárias”, onde figuram personalidades como Voltaire, o Rei Salomão ou Robin Hood. 

“O Sonho Aproxima-se”, de Salvador Dalí (1932)

Salvador Dalí não podia faltar nesta lista. Como surrealista é dos que, tecnicamente, mais facilmente podia pintar um sonho. No livro “Fifty Secrets of Master Craftsmanship” está descrito o esforço que o catalão fazia para explorar o limiar entre a consciência e o momento em que as pessoas adormecem. Como? A ideia de Dalí era que alguém agarrasse uma chave quando se preparasse para ceder ao sono. Quando isso acontecesse, a chave iria cair no chão e fazer barulho. Era assim que poderia recordar as imagens que lhe vagueavam na mente mesmo antes de adormecer definitivamente.

“Bandeira”, de Jasper John (1954)

A descrição que acompanhava o quadro da bandeira dos Estados Unidos era a seguinte: “Uma noite sonhei que tinha pintado a bandeira norte-americana. E na manhã seguinte levantei-me, saí e fui comprar os materiais de que precisava”. Jasper John era um antigo veterano de guerra na Coreia. Em 1990 disse numa entrevista que o pai lhe havia contado que houve um sargento, William Jasper, que tinha morrido agarrando a bandeira norte-americana durante a Guerra da Revolução. E ele pintou-a.