O português Miguel Oliveira, vice-campeão do mundo de Moto3 de motociclismo de velocidade, assumiu esta sexta-feira a ambição de subir à categoria principal, o MotoGP, pela “porta da frente”.

“O que me tem mantido no Mundial têm sido os meus resultados, isso levou-me às melhores equipas. Acho que esse próximo passo [chegar ao MotoGP] também vai depender dos resultados, do meu empenho, do que posso demonstrar em pista, para cativar o interesse de uma boa equipa, porque eu quero entrar pela porta da frente no Mundial de MotoGP”, explicou Miguel Oliveira, antes de um encontro com os seus fãs, em Lisboa.

O piloto luso admitiu ter rejeitado propostas “para subir diretamente ao MotoGP”, recordando que “esse salto é raro, só aconteceu uma vez e não foi uma decisão muito feliz”.

“Nunca fez parte da minha índole dar um passo maior do que a perna e acho que este passo é importante, para poder vingar”, vincou Miguel Oliveira, que não deixou de parte um regresso ao Moto3: “O Kent regressou e foi campeão do mundo, não foi um passo mal dado e acho que descer de categoria não é sinal de fracasso”.

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Depois de cinco temporadas em Moto3, em 2016, o piloto natural de Almada, de 20 anos, vai disputar o Mundial de Moto2, ao serviço da Leopard, tendo como companheiro de equipa o britânico Danny Kent, campeão do mundo da terceira categoria.

“Um bom resultado será poder pontuar nas corridas todas, ser um ano isento de quedas e para isso é importante ser rápido, aprender muito e poder andar dentro dos cinco primeiros, vai ser um resultado fantástico”, frisou Miguel Oliveira, revelando-se confiante no seu arranque em Moto2.

Apesar de treinar numa mota idêntica às de Moto2, o almadense recordou a “sensação completamente diferente”, que o obriga a “deitar fora” tudo o que aprendeu nas categorias de baixo peso: “É muito difícil fazer cinco voltas e ainda não me imagino a fazer mais de 20 voltas.”

“Nos Mundiais, esta categoria é a que tem menos variáveis e em que o piloto sobressai mais e eu vou trabalhar para o fazer”, advertiu, acrescentando que esta é “uma categoria muito trabalhosa, em que as motas são todas iguais, não há nada que se possa fazer no motor, as centralinas são iguais, no chassis não há muito para mudar”.

Miguel Oliveira fez um balanço “muito positivo” dos cinco anos em que disputou o Mundial de Moto3, apesar do “sabor agridoce” da época 2015 e de “algumas dificuldades” sentidas em 2013 e 2014.

“Tive alguns percalços no início do campeonato, depois consegui a primeira vitória, tive um baixo a metade do campeonato [fratura no quarto metacarpo da mão esquerda] e acabei muito forte, talvez com um dos finais mais dominantes que se viram no Moto3. Isso deixa-me muito orgulhoso, mas com um sabor agridoce por não ter conquistado o título por tão pouco”, salientou, realçando que esta foi a temporada em que caiu menos vezes, três.

Depois, o regresso ocorreu em Indianápolis, onde Miguel Oliveira conseguiu “chegar com um pouco de mobilidade e alguma confiança para o resto do campeonato”.

“Não esperava uma recuperação tão rápida, mas não fiquei com sequelas e isso deixou-me satisfeito”, rematou, assinalando que, a partir de setembro, quando a KTM mudou o chassis da sua mota “o pior resultado foi um segundo lugar, logo foi uma aposta ganha”.

Com essa ponta final de campeonato, Oliveira diz ter acreditado sempre na possibilidade de arrebatar o título mundial, que parecia entregue a Danny Kent. Na última corrida, em Valência, o português precisava de vencer e que o britânico não ficasse acima do 15.º lugar. Oliveira venceu, mas o britânico foi nono.

Oliveira, que já tinha sido o primeiro português a subir ao pódio do Mundial de motociclismo de velocidade, conquistou seis vitórias em 2015, na sua quinta temporada em Moto3, em Itália, Holanda, Espanha (Grandes Prémios de Aragão e Valência), Austrália e Malásia.