Depois de ter passado por seis países, a Magna Carta aterrou finalmente em Lisboa. Um exemplar do documento, um dos mais importantes da história britânica, vai estar em exposição na Torre do Tombo até dia 12 de dezembro. Com muita pompa e circunstância. E reforço da segurança, claro.
A Carta chegou a Portugal vinda de Hong Kong, onde esteve em exposição durante três dias. A viagem foi feita a bordo de um avião de passageiros da British Airways, companhia que se comprometeu a transportar o exemplar ao longo da sua digressão mundial — em primeira classe. Portugal é o último destino a receber o documento, que comemora este ano o seu 800.º aniversário.
Silvestre de Almeida Lacerda, diretor da Torre do Tombo, explicou ao Observador que a chegada da Magna Carta a Portugal obrigou a um reforço da segurança, apesar de o edifício já ser vigiado 24 horas por dia. “Houve um reforço, quer à chegada, durante a vinda do aeroporto, quer durante a sua permanência na sala de exposições.” Para além disso, foi ainda criado um plano de emergência, que “permite a evacuação da Carta”.
Para além do reforço da vigilância, houve também “um reforço da segurança a outro nível”, isto é, no controlo da temperatura e humidade. Durante os cinco dias que a Magna Carta irá permanecer na Torre do Tombo, a sala de exposições estará a uma temperatura que rondará os 18 e 20 graus. Já a humidade, nunca poderá ultrapassar os 45%. Para tal, foi construído um controlador que permite alterar as condições, caso os níveis de temperatura e humidade aumentem demasiado.
De modo a garantir estas condições, o documento viajou numa vitrina construída especialmente para esta digressão. “Tem um medidor de temperatura e humidade, e nós comprometemo-nos a enviar os valores para Londres”, explicou Silvestre de Almeida Lacerda. “Quem vier à exposição irá também notar a existência de pouca luz”, porque esta tem “uma influencia danosa” para os documentos. Apesar das medidas de reforço de segurança parecerem muitas, o diretor da Torre do Tombo garante que são “as normais relativamente às exposições que fazemos com frequência”. “Temos documentos originais desde o século IX”, salientou.
Mais documentos para ver
A acompanhar o exemplar da Catedral de Hereford, de 1217, estará a única cópia existente do Decreto do Rei João (1215), que ordenava a sua aplicação. Para além disso, serão também exibidos vários documentos portugueses do século XIII (alguns deles até anteriores a 1215), que pretendem mostrar a inovação da política administrativa em Portugal.
Entre estes incluem-se as leis gerais do reino, de 1211, e o registo de chancelaria, “uma espécie de Diário da República da época” e as inquirições gerais, um registo das propriedades régias que visava “evitar que os senhores mais poderosos, o clero e a nobreza, exercessem uma espécie de usurpação dos direitos do rei e dos concelhos”. Que é como quem diz, que ficassem com os impostos que não lhes pertenciam. Em exposição estará também o documento original do Tratado de Windsor (1386), que se encontra na Torre do Tombo, “de forma a assinalar a aliança entre Portugal e a Grã-Bretanha”, referiu Silvestre de Almeida Lacerda.
A exposição Magna Carta — Significados, que será inaugurada esta segunda-feira às 18h, inclui ainda um vasto programa de conferências. Entre os oradores convidados, incluem-se o reverendo Chris Pullin, chanceler da Catedral de Hereford, Nicholas Vicent, da Universidade de East Anglia, e Maria João Franco, professora da Universidade Nova de Lisboa e especialista em história do século XIII. O programa completo pode ser consultado aqui.
Magna Carta — Significados, patente na Torre do Tombo até 12 de dezembro, pode ser visitada de segunda a sexta-feira, das 9h30 às 19h30. Estará também aberta ao público esta terça-feira (feriado). A entrada é livre.