Cerca de 40 trabalhadores juntaram-se este sábado em frente ao Estaleiro do Norte da construtora Soares da Costa em protesto contra salários e subsídio de Natal em atraso e por não terem sido convidados para a festa anual da empresa.

Em resposta, a empresa diz esperar a “resolução integral dos pagamentos nos próximos dias” e lembra a necessidade de executar o mais breve possível o plano de reestruturação que, entre outros, passa pela dispensa de pelo menos 270 trabalhadores em situação de inatividade.

Com cartazes nas mãos pedindo “não nos roubem o Natal”, as quatro dezenas de trabalhadores que se concentraram hoje pela manhã nas instalações da empresa em São Félix da Marinha reivindicaram o pagamento da totalidade dos salários e do devido subsídio de Natal.

“Os trabalhadores tomaram esta atitude num claro sinal de desespero contra o sistemático e abusivo atraso no pagamento dos salários por parte administração”, assinalou, em comunicado, o SITE (Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente) do Norte.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

No local, Luís Pinto, da direção do SITE, relatou ter recebido da empresa “garantias” de que pretende pagar a totalidade dos salários na próxima semana e de que “estão a fazer tudo para levantar esta empresa”.

O sindicalista lamentou ainda a “discriminação” de que alguns trabalhadores disseram ser alvo pela empresa que não os terá convidado para a festa anual de Natal onde são entregues os prémios pelos 25 e 35 anos de trabalho. Já a comissão de trabalhadores adiantou estar marcado um plenário para a próxima quarta-feira em que a situação será analisada e serão discutidas eventuais formas de luta.

“A atual administração da Soares da Costa tem vindo a envidar todos os esforços no sentido de recuperar a empresa da situação muito difícil em que se encontra — e não desistirá deste propósito”, assegura a empresa em resposta à Lusa.

A construtora acrescenta que “para garantir a recuperação da empresa é imperioso executar o plano de reestruturação em curso, que passa pela diminuição significativa de gastos administrativos, de rendas, e ainda pela adequação do quadro de pessoal às necessidades atuais, nomeadamente pela dispensa de trabalhadores que se encontram em situação de inatividade (em casa, sem exercício de funções, mas ainda a receber salário), bem como a racionalização de recursos em outras áreas do grupo onde manifestamente não há operações”.

Já em junho e julho os trabalhadores da empresa de construção civil protestaram várias vezes contra salários em atraso e chegaram mesmo a pedir ajuda ao presidente da Câmara do Porto.

Um mês antes, a empresa havia informado que iria proceder nas semanas seguintes ao despedimento coletivo de 272 funcionários que por falta de trabalho se encontravam “há largos meses” em casa, em situação de inatividade, recebendo os respetivos salários.

Em fevereiro de 2014, o grupo Soares da Costa anunciou a conclusão do processo de entrada de António Mosquito no capital da empresa de construção, tendo este assumido a presidência do Conselho de Administração da companhia, que coincidiu com uma operação de capitalização para enfrentar as dificuldades financeiras da companhia.