Salah Abdeslam, suspeito de estar envolvido nos atentados de Paris, terá estado no bairro de Molenbeek entre as 23h de domingo e as 05h de segunda-feira, ou seja, depois da noite sangrenta de sexta-feira, 13 de novembro. Segundo a rádio RTBF, uma rádio pública da comunidade francesa em solo belga, a polícia já sabia do seu paradeiro, mas não pôde intervir por questões jurídicas e o suspeito ter-se-á assim escapado na manhã seguinte.
A RTBF adianta ainda que a principal tese que está a ser investigada pelas autoridades belgas aponta para que o suspeito tenha fugido pouco antes da rusga, feita pela polícia no bairro em questão. Salah Abdeslam ter-se-á então escondido num carro ou num armário, com a ajuda de cúmplices. E estes terão beneficiado do tráfego e movimento suscitado naquele bairro pela intervenção da polícia para o retirarem do local, já em plena manhã de segunda-feira.
Segundo uma lei de 1969, a polícia não pode fazer rusgas antes das 5h da manhã e nem o fator terrorismo é exceção a esta regra, daí que a polícia não tivesse podido atuar de madrugada. Quando o fez, de manhã, já não conseguiu ser 100% eficaz.
Ainda esta quarta-feira, soube-se que Salah Abdeslam se encontrava no bairro de Molenbeek no dia anterior à rusga policial de segunda-feira: e soube-se, também, que a polícia conhecia a localização do suspeito nessa data. O que não se sabia, e que é avançado pela RTBF, é que este passou a noite de domingo nesse local. O ministro da Justiça belga, Koen Geens, já havia afirmado, em entrevista à estação de televisão belga VTM, que Salah Abdeslam se encontrava “provavelmente” numa habitação em Molenbeek, dois dias antes dos atentados de Paris.
À data, o procurador do Ministério Público belga disse que sugerir que Salah Abdeslam teria fugido de Molenbeek entre as 23h00 de domingo e as 05h de sexta-feira (altura em que a polícia ainda não podia agir) era “uma extrapolação”, face aos dados conhecidos. A rádio diz agora que o suspeito terá mesmo estado em casa durante esse período, tendo fugido apenas durante a manhã seguinte.
Salah Abdeslam, de 26 anos, é o único suspeito de se ter envolvido nos atentados de Paris que está ainda a monte. Segundo noticiou a CNN esta terça-feira, Abdeslam esteve com um cinto de 13 explosivos no dia 13 de novembro: o dia em que se registaram os atentados na capital francesa.
A polícia acredita que o suspeito teria ordens para se fazer explodir, num ponto determinado da cidade, mas que terá desistido e fugido. Isto porque, na manhã seguinte, sábado às 09h, Salah Abdeslam e outros dois suspeitos (já detidos) foram identificados num controlo rodoviário na região de Cambrai, no norte de França. Na altura ainda não eram suspeitos, pelo que a polícia deixou seguir o veículo.