O Banif recebeu seis propostas de compra da participação do Estado, informou o banco em comunicado esta sexta-feira. Estas propostas “irão agora ser cuidadosamente analisadas pelo Banco e pelo Estado Português“, sublinha a instituição liderada por Jorge Tomé, que não identifica as entidades que fizeram as propostas.

Entre as propostas estarão ofertas dos bancos espanhóis Santander e Popular, segundo informação que está a ser avançada por vários jornais. Um grupo de Hong-Kong terá pedido mais tempo para entregar a sua oferta, mas não é claro se chegou a avançar. O fundo americano Apollo, dono da Tranquilidade, também é apontado como interessado no Banif. De acordo com a SIC Notícias, são também conhecidas as propostas dos fundos de investimento J.C. Flowers & Co. e Private Equity (representados pelo Haitong Bank, S.A.).

O prazo para a apresentação de propostas vinculativas para a compra do capital do Estado no Banif, que representa cerca de 60% do capital, terminou esta sexta-feira às oito horas da noite. A negociação das ações do Banif foi suspensa pelo regulador de mercado – a CMVM –, na quinta-feira. Nessa altura, estavam a subir de forma acentuada pelo terceiro dia consecutivo.

O governo vai analisar as ofertas recebidas pelo banco durante este fim de semana e na sequência dessa avaliação poderá ou não avançar com um Orçamento Retificativo para 2015, no caso da solução para o Banif implicar despesa adicional por parte do Estado.

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Uma solução para o Banif na calha?

Não existe ainda informação sobre os montantes e as características das propostas, com um dos principais pontos de interrogação se as propostas incluem ou não a compra de determinados ativos imobiliários do banco – e, por outro lado, se envolverá algum tipo de garantia do Estado caso os ativos sejam segregados da restante atividade operacional do banco.

O banco recebeu um apoio público de 1.100 milhões de euros, dos quais 700 milhões foram injetados sob a forma de capital. O resto foi atribuído através de Cocos (empréstimos convertíveis), sendo que o Banif falhou o prazo para reembolsar 125 milhões de euros deste financiamento.

Porém, o Banif nunca conseguiu acordar um plano de reestruturação com Bruxelas, associado a esta ajuda pública, e ainda não encontrou um investidor de referência que tome o lugar do Estado, está a ver esgotar-se o tempo para encontrar uma solução para o problema complexo que vive e, assim, evitar medidas mais drásticas. Sobretudo porque se vier a haver uma resolução da instituição as regras europeias sobre esta matéria vão mudar no dia 1 de janeiro, nomeadamente no sentido de poder envolver depositantes com mais de 100 mil euros e detentores de dívida de elevada qualidade emitida pelo banco.

O Banif é um banco, como vários outros em Portugal, que tem sido duramente penalizado pelo crédito malparado e pela reavaliação de ativos imobiliários. Além disso, sabe-se que terá perdido 100 milhões de euros de um empréstimo a uma empresa do Grupo Espírito Santo, a Rio Forte. O que não tem, também, facilitado a devolução do empréstimo estatal é o atraso na venda de ativos. Esta sexta-feira deu-se um passo nesse sentido, com a venda do banco em Malta.