O Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, condecorou esta tarde no Palácio de Belém com vários graus honoríficos Ronald DePinho, António Pargana e Pedro Gadanho, três personalidades da diáspora portuguesa que se têm destacado nas respetivas áreas profissionais.
Ronald DePinho, agraciado com a insígnia de comendador da Ordem Militar de Sant’Iago de Espada, é presidente do Centro de Cancro MD Anderson da universidade do Texas, em Houston, Estados Unidos, desde setembro de 2011. O centro é internacionalmente reconhecido pela pesquisa fundamental e transnacional em cancro.
António Pargana é acionista de várias empresas e tem atuado na área do comércio externo desde 1975. Em 1994 fundou a Cisa Trading S.A., uma das maiores empresas de comércio internacional do Brasil, e hoje recebeu a insígnia de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique.
Pedro Gadanho, condecorado com o grau de comendador da Ordem do Infante D. Henrique, é arquiteto, curador e escritor. Esteve estabelecido vários anos em Nova Iorque, onde assumiu o cargo de curador para Arquitetura Contemporânea no Departamento de Arquitetura e Design do Museu de Arte Moderna (MoMa) em Nova Iorque, tendo regressado a Portugal para assumir as funções de diretor de programação do Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (MAAT) da Fundação EDP.
Os três condecorados encontram-se em Portugal para participarem no Conselho de Diáspora, que decorre na terça-feira.
Na apresentação da cerimónia, e na presença de familiares e representantes das Casas civil e militar da presidência, Cavaco Silva destacou, individualmente, as origens portuguesas dos três galardoados e o seu contributo para o país.
“António Pargana, um algarvio como eu e que não esquece as suas raízes (…) não investe apenas no Brasil, investe também em Portugal, na sua terra natal, onde tudo começou”, referiu a propósito e numa referência particular ao seu conterrâneo, antes de destacar a sua contribuição “para o prestígio de Portugal além-fronteiras”.
Em resposta, e após a entrega das insígnias respetivas, os três membros do Conselho da Diáspora fizeram breves discursos, com o presidente do Centro de Cancro MD Anderson, que se exprimiu em inglês, a manifestar o orgulho de ser filho de imigrantes portugueses nos EUA, provenientes da região de Ovar, e a sublinhar que, após o “espírito pioneiro” dos portugueses que “descobriram os mistérios da terra” na saga dos descobrimentos, “hoje os grandes mistérios são os da saúde e biologia, e reconheço-me na minha herança portuguesa como um investigador dos mistérios da biologia” e que interessam à humanidade.
O empresário António Pargana optou por citar Fernando Pessoa, “Deus quer, o Homem sonha, a Obra nasce” e recordou ter “exultado” aos 25 anos com a “revolução dos Cravos” e depois ter-se visto aos 26 anos sem emprego “e sem vislumbrar o futuro”, numa breve alusão introdução ao seu percurso posterior, primeiro em África e depois no Brasil, onde vive há 40 anos.
“A diáspora portuguesa é uma força que pode contribuir muito para o desenvolvimento económico e social de Portugal e da sua gente (…) pode ajudar a criar estratégias para que as empresas portuguesas penetrem com sucesso nos mais diferentes mercados, pode participar nos investimentos em Portugal e qualquer governo português deveria colocar como seu objetivo permanente atraí-la para essa missão”, defendeu.
Na última intervenção, Pedro Gadanho destacou ter regressado a Portugal “com o sentido de que poderia continuar a fazer cá aquilo que sempre tentou fazer nos lugares pode onde passou”. O arquiteto desejou ainda que este seu regresso “possa acontecer para muitos mais a seguir a mim”.