É a primeira vez que Carlos Cruz deixa o Estabelecimento Prisional da Carregueira, onde cumpre uma pena de seis anos, condenado por abusos sexuais a menores. Cumpridos dois anos e oito meses da pena, o apresentador vê a primeira saída precária, durante 72 horas, para ir passar o natal a casa com a família.

Questionado pelos jornalistas à saída do Estabelecimento Prisional, o antigo apresentador de televisão diz não acreditar na justiça portuguesa: “Não vivo de crenças, vido de factos”, respondeu quando lhe perguntaram se acredita que terá liberdade condicional.

Carlos Cruz recusa-se a confessar o crime de que é acusado e esta será uma das razões para o recluso ainda não ter tido uma nota de bom comportamento na prisão. Por causa disso, a liberdade ainda estará longe: “Estou inocente, é um facto. Eu não vivo de crenças, mas de esperanças. A esperança às vezes mexe com remorsos e quem tiver remorsos talvez me dê esperança”, diz às televisões.

Na breve entrevista, Carlos Cruz ainda explicou que Carlos Silvino (outro dos condenados no caso Casa Pia) não está no mesmo andar que o ex-apresentador e, por isso, acaba por não conviver muito com ele: “[Convivo] com aqueles que se aproximam de mim. Os da Casa Pia, menos”.

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Questionado sobre como está a ser a sua experiência na prisão, Carlos Cruz remete a resposta para o futuro: “Não é altura para falar sobre isso, quando estiver em liberdade terei oportunidade de falar sobre isso”, referiu.

Quando foi rodeado pelos jornalistas, o antigo apresentador desejou “um bom Natal a todos os portugueses, sem qualquer exceção”, nesta “época de paz e amor”, e ainda “um ano que represente para Portugal finalmente o início de uma recuperação, com menos desemprego, melhor saúde, melhor justiça, melhores ordenados”.

O ex-apresentador de televisão aguarda resposta, esperada para janeiro de 2016, a um pedido de liberdade condicional, quando já completou dois terços da pena de prisão a que foi condenado.

Carlos Cruz cumpriu metade da pena, em dezembro de 2014, após o Tribunal da Relação de Lisboa ter alterado a pena inicial de sete anos de prisão, a que tinha sido condenado na primeira instância, fixando-a em seis anos, por três crimes de abuso sexual de menores.

O antigo provedor-adjunto da Casa Pia, Manuel Abrantes, condenado a cinco anos e nove meses de prisão por dois crimes de abuso sexual de menores, também deixou hoje a Carregueira para gozar uma licença precária de três dias no Natal.

No processo Casa Pia, relacionado com abusos sexuais de alunos e ex-alunos da instituição, foram ainda condenados um antigo motorista casapiano, Carlos Silvino (a 15 anos de prisão), o médico Ferreira Dinis (sete anos) e o diplomata Jorge Ritto (seis anos e oito meses).