Este site usa cookies. Qualquer pessoa que navegue na internet com frequência já se deparou, a dada altura, com um aviso deste tipo. De certo modo, acabamos todos por fazer o mesmo — isto é, ignorá-lo. Mas há uma pergunta que se impõe: afinal, o que são e para que servem os cookies?
Há alguns anos pouco ou nada se falava deles. Existiam, mas o utilizador comum não os conhecia. Eram (e são) usados pelos sites para armazenar informação nos nossos computadores. E partia-se do princípio que, ao navegar numa determinada página, estava-se a dar consentimento para que essa informação fosse guardada nos aparelhos. Foi assim durante 20 anos. Deixou de o ser a partir de 2009, com a chegada de uma diretiva da União Europeia (UE) que passou a obrigar os proprietários de sites a avisar o utilizador no caso de recorrerem a cookies. Pouco a pouco, a nova legislação chegou aos Estados-Membros. Mas qual a razão de tanta preocupação?
É que cookies são pequenos pedaços de informação (ficheiros) que, até esse ano, eram armazenados nos computadores dos utilizadores sem o conhecimento ou consentimento dos próprios — ou, como vimos, esse consentimento era implícito. Com as novas exigências da UE, os proprietários de sites em território europeu passaram a ter de avisar os visitantes de que estavam a guardar estes ficheiros nos seus computadores. Ou seja, na prática, todos os sites, incluindo fóruns e blogues, passaram a apresentar os avisos de que usavam cookies, pois todo e qualquer site recente recorre, efetivamente, a cookies.
Isto leva-nos à próxima questão: o que fazem estes pedaços de informação que os sites armazenam nos nossos computadores, telemóveis e tablets?
Olhemos para a Política de Privacidade do Observador, onde lançamos alguma luz sobre o assunto (sim, também os usamos). “[Os cookies] permitem melhorar o desempenho e a experiência de navegação do utilizador”, mas “se optar por [os] desativar, alguns serviços irão deixar de funcionar”.
Ora, esta é a versão simples da explicação e, por isso, aprofundemos um pouco mais. A diversidade de cookies é grande mas, no geral, são de três tipos:
- Essenciais (ou Técnicos): Estes cookies estão relacionados com o funcionamento técnico do site. Permitem, por exemplo, identificar e guardar a sessão do utilizador quando faz log in na sua conta, ou navegar numa loja online enquanto vai adicionando artigos a um carrinho de compras virtual.
- De Funcionalidade (ou de Personalização): São estes cookies a guardar as preferências do utilizador no que toca às funcionalidades do site. Por exemplo, é graças a eles que basta consentir uma vez a utilização de cookies — normalmente quando entra pela primeira vez num site — e nunca mais é importunado com o assunto. Em alguns sites, estes cookies definem também o seu idioma, para que não tenha de escolher uma linguagem sempre que acede ao site.
- De análise: Dos três tipos que apresentamos, os cookies de análise são, provavelmente, os que menos interferem diretamente com a experiência de navegação do utilizador. Mas nem por isso deixam de ser importantes. Permitem que os proprietários de sites recolham dados relacionados com a navegação e o comportamento do utilizador no mesmo. Por exemplo, saber quais as páginas mais visitadas em determinado momento, quantos utilizadores visitaram o site em determinado período ou monitorizar o desempenho do próprio servidor. Embora não afetem diretamente a experiência do utilizador, muitos proprietários e programadores tomam decisões com base na análise destes dados. Estes cookies podem ainda ser utilizados por anunciantes para conhecerem os internautas e segmentarem as campanhas publicitárias de forma mais eficaz.
É possível — e fácil — navegar sem deixar cookies armazenados no seu aparelho. Os principais browsers já permitem isso:
Em Chrome: Procure pela opção Nova janela sem registo;
Em Firefox e Safari: A opção chama-se Nova janela privada.
Tenha em conta que as janelas ditas “privadas” não lhe conferem total anonimato enquanto navega na internet.
Um pouco de história
Os cookies terão surgido em 1994, quando o browser “Netscape Navigator” era um dos mais populares entre os internautas. A empresa MCI Communications queria lançar uma loja online e terá pedido a criação de uma funcionalidade que permitisse aos clientes adicionar produtos a um carrinho de compras virtual enquanto navegavam pelo catálogo. A ideia era que essa informação ficasse gravada no computador dos clientes, ao invés de ser enviada e armazenada num servidor — conta o TLife.Guru, do jornal espanhol EL País. A criação de cookies terá sido a solução inventada pelo programador Lou Montulli, um dos principais nomes por detrás da Netscape Communications.
Para terminar, de onde vem o nome “cookies” — ou biscoitos, em português? O TLife.Guru explica que não há uma razão especial. O termo “cookies” terá aparecido espontaneamente entre os engenheiros informáticos e programadores para descrever estes fragmentos de informação. É que os cookies são isso mesmo: um rasto de informação, uma pegada que deixamos. Tal como um trilho de migalhas deixado por alguém que ataca uma caixa de bolachas.
Editado por Filomena Martins