O Santander Totta comprou o Banif por 150 milhões, recebendo ativos e passivos que em balanço valem 600 milhões euros, escreve esta sexta-feira o Negócios. Este último valor pode ser deduzido da almofada que o Santander Totta colocou de parte, criando uma provisão de 316 milhões para precaver “surpresas inesperadas“, mas trata-se, ainda assim, de um pagamento de cerca de metade do valor contabilístico.
A análise do Negócios conclui que, mesmo descontada a provisão de 316 milhões – que ainda não se sabe se já foi usada –, o Banif está avaliado em 283 milhões, o dobro do que o o Santander Totta pagou pela operação. Foram estes 283 milhões de euros que o Grupo Santander registou, por regra contabilística, nas contas anuais divulgadas na última quarta-feira.
Apesar de António Vieira Monteiro ter dito que já foram encontradas “surpresas” no valor dos ativos adquiridos, o Santander Totta garante que o risco associado a essas “surpresas” é integralmente do próprio, já que o banco foi comprado no cenário de resolução e não foi feita uma análise mais aprofundada (due dilligence) aos valores.
Ainda assim, para que a compra do Banif pudesse ter avançado, no cenário de resolução, antes da venda ao Santander, o Estado teve de injetar 1.766 milhões de euros na instituição (valor que, somado ao empréstimo ao Fundo de Resolução, ascende a 2.255 milhões) para precaver “contingências futuras”. Um mecanismo que, como disse a Comissão Europeia, teve como objetivo “apoiar a venda de ativos e passivos do Banif ao comprador”, ou seja, o Santander Totta.