O advogado de Paulo Santana Lopes desmente que o seu cliente tenha confessado o crime de corrupção ativa no comércio internacional que lhe é imputado pelo Ministério Público e que tenha ‘entregue’ José Veiga na Operação Rota do Atlântico.
“O meu constituinte tem colaborado desde o primeiro dia. O processo está em segredo de justiça e é preciso respeitá-lo, até para que se evitem imprecisões e especulações que podem perturbar o normal funcionamento da Justiça“, afirmou o advogado Tiago Félix da Costa ao Observador.
Segundo a notícia do jornal “Correio da Manhã” desta manhã, Paulo Santana Lopes teria confessado durante o seu interrogatório no Tribunal Central de Instrução Criminal a alegada prática de crimes de corrupção no Congo mas não em Portugal, acrescentando, de acordo com o mesmo periódico, que os bens imóveis (como uma casa de luxo na Quinta da Marinha) e os elevados montantes de ‘dinheiro vivo’ que foram apreendidos à ordem dos autos pertenceriam ao ministro das Finanças da República do Congo, Gilbert Ondongo.
De acordo com o mesmo jornal, Ondongo terá adjudicado contratos públicos de quase mil milhões de euros à filial congolesa da empresa brasileira Asperbras, da qual José Veiga é diretor-geral.
Paulo Santana Lopes e uma advogada igualmente detida pela Polícia Judiciária na quarta-feira já foram ouvidos pelo juiz Carlos Alexandre, que tem a seu cargo a instrução criminal deste caso, sendo que o interrogatório de Santana Lopes terminou este sábado.
José Veiga começou a ser interrogado de seguida. Depois da interrupção ao final da noite, o interrogatório de Veiga foi retomado esta manhã, às 9h30. De acordo com diversas fontes judiciais, é expectável que o interrogatório de Veiga termine este domingo.
Recorde-se que, de acordo com o comunicado emitido pela Procuradoria-Geral da República esta quarta-feira, José Veiga, Paulo Santana Lopes e uma advogada que trabalhava com os dois foram detidos por suspeitas da prática do crime de corrupção ativa no comércio internacional, fraude fiscal qualificada e branqueamento de capitais.
Essas suspeitas relacionam-se com a atividade de Veiga e de Santana Lopes na República do Congo, existindo indícios do pagamento de alegadas ‘luvas’ a titulares de cargos políticos e altos quadros da administração pública congolesa.
Segundo a PGR, o Ministério Público e a Polícia Judiciária investigam ainda “suspeitas da prática dos crimes de tráfico de influência e de participação económica em negócio na compra e venda de ações de uma instituição financeira estrangeira, ações, essas, detidas por instituição de crédito nacional”.
A instituição em causa é o Banco Internacional de Cabo Verde. A venda deste activo do Novo Banco (ex-BES) a José Veiga já tinha sido acertada por decisão da administração liderada por Stock da Cunha. Aguardava-se apenas a autorização do Banco de Portugal para que a mesma fosse concretizada.