O ministro da Cultura disse esta quarta-feira em Mafra que o Governo apoia a recuperação dos sinos e carrilhões do Palácio Nacional de Mafra e vai prosseguir com o processo de transferência do Museu da Música para aquele monumento.

“São dois projetos [iniciados pelo anterior governo PSD/CDS-PP] que nós acarinhamos com especial atenção e sobre os quais esperamos dar em breve conhecimento à opinião pública”, disse João Soares à agência Lusa, sem avançar com o ponto de situação dos projetos.

O governante reuniu com o presidente da câmara, com o qual falou também sobre a candidatura do Palácio a património mundial da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) e sobre as comemorações dos 300 anos sobre o lançamento da primeira pedra do monumento, que se assinalam em novembro de 2017.

Orçadas em 2,3 milhões de euros, as obras de recuperação dos sinos e dos carrilhões de Mafra deverão começar no “princípio do segundo semestre” deste ano, adiantou por escrito à Lusa a Direção Geral do Património Cultural (DGPC), depois de ter lançado concurso público para a empreitada em setembro último.

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Segundo a DGPC, apareceram quatro candidaturas que têm agora três meses para apresentar a sua proposta, período após o qual serão analisadas as propostas, escolhido um concorrente e adjudicada a empreitada.

Na portaria em que foi lançado o concurso, o anterior Governo justificou a necessidade de obras ao reconhecer que se trata de um “conjunto histórico de valor patrimonial único no mundo” e que carece de “reabilitação urgente face ao avançado estado de degradação”, que acarreta “riscos de segurança não só para o património, como para utentes do imóvel e os transeuntes da via pública”.

Os sinos têm sido sustentados por andaimes, que requerem “sucessivas intervenções de escoramento, consumindo recursos e requerendo uma atenção permanente devido à exposição a ambiente salino muito agressivo”, refere a portaria.

Os dois carrilhões e 119 sinos, pesando, o maior, 12 toneladas, constituem o maior conjunto sineiro do mundo, sendo, a par dos seis órgãos históricos e da biblioteca, o património mais importante do palácio.

Em relação ao Museu da Música, decorre o processo da sua transferência para Mafra, escolhida por ser a solução mais viável do ponto de vista financeiro, sendo expetável que possa abrir ao público em 2017.

O Museu da Música encontra-se instalado num espaço provisório desde 1994, na estação de Metro do Alto dos Moinhos, disponibilizado pelo Metropolitano de Lisboa.

A passagem do acervo para Mafra – cuja data exata o governante não avançou – significa um regresso ao local que o acolheu, nas décadas de 1980-90, antes da exposição ao público, na estação do Metro de Lisboa.

Para o efeito, o anterior Governo assinou um protocolo com a câmara municipal de Mafra para a cedência ao Estado das instalações exploradas pela autarquia no Palácio Nacional para acolher o museu.

O Museu da Música detém “uma das mais ricas coleções da Europa”, de acordo com a sua apresentação, contando com cerca de 1.400 instrumentos, entre os quais o cravo de Joaquim José Antunes (1758), o cravo de Pascal Taskin (1782), o piano Boisselot, que o compositor e pianista Franz Liszt trouxe a Lisboa, em 1845, e o violoncelo de Antonio Stradivari, que pertenceu ao rei D. Luís.

Espólios documentais, acervos fonográficos e iconográficos, como os de Alfredo Keil, autor do Hino Nacional, fazem igualmente parte do Museu da Música.