Cavaco Silva está prestes a deixar o palácio de Belém, com a tomada de posse de Marcelo Rebelo de Sousa. E com Aníbal Cavaco Silva sai Maria Cavaco Silva, que deixa as funções que desempenhava no gabinete do cônjuge. Gabinete esse que vai ficar desocupado, uma vez que o futuro Presidente, Marcelo Rebelo de Sousa, não é casado. Agora que a vida política está a chegar ao fim, Maria Cavaco Silva vai “sentir um vazio”?
“Não ficam saudades, porque não gosto de olhar para trás. Eu gosto mais de olhar para a frente”, respondeu Maria Cavaco Silva, que deu uma entrevista a Manuel Luís Goucha (TVI) esta terça-feira no Palácio de Belém. “Vou vivendo o dia a dia, tenho sempre tantas coisas para fazer… Mas um vazio não vou sentir com certeza”.
No entanto, Maria Cavaco Silva tem a certeza que continuarão a surgir coisas para fazer. “Sou madrinha de muitas causas, e madrinha só saiu daqui [Palácio de Belém]. Não morreu”, reforçou no programa Você na TV. Assim, e apesar de deixar as suas funções, Maria Cavaco Silva não tenciona deixar de trabalhar com as associações com que cooperou até agora.
De qualquer forma, o futuro não está escrito e, para Maria Cavaco Silva, isso é natural. “As coisas vão acontecendo”, tal como sucedeu após a saída de São Bento quando o marido era primeiro-ministro. “Não vamos à bruxa portanto não sabemos o que é que vai acontecer”, argumenta, contando que quando saíram de São Bento foi um ciclo que se fechou e que “a vida ia ser diferente”.
A mulher do Presidente cessante confessou ainda que sorriu com a derrota do marido, nas eleições presidenciais de 1996. ” Fiz um sorriso de grande alívio”, contou. Porquê? Porque estava “dividida”. Apesar de querer desempenhar o papel de mulher de um Presidente da República, seria muito complicado para Maria Cavaco Silva deixar os alunos. Naquele momento, estava empenhada na sua carreira letiva.
E, afinal, qual era o principal objetivo da mulher de Cavaco Silva enquanto mulher do Presidente da República? Queria “chamar a atenção para o que há de bom na sociedade”. E desde o início que quis focar-se essencialmente na deficiência. Um problema que, segundo a própria, a tocava já desde a infância por ter vivido num tempo em que as pessoas portadoras de deficiência eram postas de lado e mesmo escondidas pelas famílias. Promoveu os encontros no Palácio de Belém que “serviam para que as pessoas se sentissem olhadas, entendidas, amadas”.
“Eu tentei ser um ponto de encontro de muitas pessoas, vindas de várias áreas, a fazer diferentes coisas”, “que não foi um teatro, eu realmente entreguei-me”. É assim que Maria Cavaco Silva gostava que os portugueses recordassem a sua passagem por Belém.
*Editado por Helena Pereira