A extradição para França de Salah Abdeslam, suspeito dos atentados de Paris, ocorrerá dentro de 60 dias a contar da sua detenção ou no prazo de 90 dias em caso de recurso, disse hoje o ministro da Justiça de França.

O mandado de detenção europeu é um procedimento “mais simples e mais eficaz que a extradição, já que impõe prazos curtos de processamento, pelo que a decisão definitiva sobre a extradição de Salah Abdeslam deve ocorrer num prazo de 60 dias depois da sua detenção ou 90 dias caso este apresente recurso”, explicou o ministro da Justiça, Jean-Jacques Urvoas, em comunicado.

É um procedimento exclusivamente judiciário, no qual o poder executivo não intervém, sublinhou, acrescentando que o facto de Salah Abdeslam se recusar a ser entregue às autoridades estrangeiras não implica que não seja expatriado.

Salah Abdeslam, suspeito dos atentados de 13 de novembro de 2015 em Paris, foi detido na sexta-feira por autoridades belgas.

O advogado de Salah Abdeslam anunciou hoje que o seu cliente recusa ser extraditado para França, por considerar que ainda há uma investigação em curso na Bélgica.

Um juiz de Instrução de França emitiu, a 24 de novembro passado, um mandado de detenção contra Salah Abdeslam e um novo mandado de detenção foi emitido na sequência da sua detenção, de forma a cobrir todas as acusações de que era alvo, referiu o ministro sem adiantar mais pormenores.

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Entretanto, Salah Abdeslam, disse às autoridades belgas que pretendia fazer-se explodir no Estádio de França no dia dos atentados, mas recuou na decisão, declarou hoje o procurador de Paris numa conferência de imprensa.

“Estas primeiras declarações, que devem ser ouvidas com cautela, deixam em aberto uma série de questões que Salah Abdeslam terá de explicar”, acrescentou o procurador François Molins, para quem a prisão do suspeito foi um “progresso muito grande para a investigação dos ataques de Paris”.

A agência Efe refere ainda que na noite dos ataques de 13 de novembro em Paris, Salah Abdeslam pretendia fazer-se explodir, com mais três pessoas, no Estádio de França, embora tenha recuado na decisão.

O promotor de Paris, François Molins, descreveu hoje Abdeslam como um “ator chave” nos ataques daquela noite, considerando que teve um “papel central na formação dos comandos e nos preparativos logísticos” além de também ser um comando.