O Presidente da República conseguiu fazer de um acto de rotina — a promulgação do Orçamento — um grande evento. A maioria parlamentar precipitou-se a reconhecer-lhe a prerrogativa de certificar a “constitucionalidade” e as “preocupações” do Orçamento. O Presidente falou de “preocupação social” com “certas camadas”, mas também de “rigor”, de “estabilidade” e de “reformas”. No geral, fez as perguntas, não deu as respostas: vai o consumo aumentar, e criar emprego? Veremos. O detalhe mais significativo foi este: o Presidente apenas identificou, no orçamento, a “convergência de duas vontades”: a da maioria parlamentar, e a das “instituições europeias”. Não se inseriu nessa “convergência”, não se comprometeu com esse “compromisso”. Por ele, fica à espera dos resultados. Voltamos a falar em 2017.

Rui Ramos é historiador

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