Em maio de 2015, a Assembleia Mundial da Saúde aprovou uma nova Estratégia Técnica Global para a Malária, com objetivos para o controlo e a eliminação da doença entre 2016 e 2030. Uma das metas previa a eliminação da malária em pelo menos dez países até 2020, e segundo o relatório agora divulgado esta meta poderá ser alcançada e até superada.

O relatório identifica 21 países que estão em posição de eliminar a doença nos próximos cinco anos. Para alcançar este objetivo, um país deve conseguir registar zero casos de transmissão indígena de malária em pelo menos um ano até 2020.

“O nosso relatório aponta os holofotes aos países que estão bem encaminhados para eliminar a malária”, disse Pedro Alonso, diretor do Programa Global da Malária, da Organização Mundial da Saúde (OMS), citado num comunicado da organização.

Entre os 21 países destacados no relatório, intitulado “Eliminar a Malária”, estão Cabo Verde e Timor-Leste. Os autores referem-se ainda a São Tomé e Príncipe: Espera-se que o país elimine a malária até 2025, mas, com o financiamento adequado e vontade política, essa meta pode ainda ser alcançada até 2020. Segundo o relatório agora divulgado, São Tomé e Príncipe registou menos de mil casos em 2014, e o último relatório mundial dava conta de 1.754 casos e zero mortes registados no país em 2013.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Cabo Verde, por seu lado, registou em 2014 um total de 46 casos de malária, 20 dos quais foram importados, e duas mortes devido à doença, também conhecida como paludismo. Segundo o mais recente relatório da OMS sobre a malária, divulgado em setembro, este é o único país lusófono na fase de pré-eliminação da malária, onde se encontra desde 2010.

Sobre Timor-Leste, a OMS escreve que o país alcançou uma redução substancial na incidência da malária, com uma queda de mais de 5.000 casos em 2012 para 342 casos confirmados em 2014, e relatou uma morte devida ao paludismo. Apesar de 90% da população viver em áreas com transmissão ativa de malária, a OMS escreve que 100% das pessoas que vivem em zonas de elevado risco estão protegidas por redes mosquiteiras impregnadas de inseticida e 30% foram abrangidas por pulverizações domésticas com inseticida.

Os outros países em vias de alcançarem a eliminação da malária em 2020 são a Argélia, o Botsuana, Comores, África do Sul e Suazilândia, em África; Belize, Costa Rica, Equador, El Salvador, México, Paraguai e Suriname, nas Américas; Irão e Arábia Saudita, na região do Mediterrâneo Oriental; Butão e Nepal, na região do Sudeste asiático, e China, Malásia e Coreia do Sul, na região do Pacífico ocidental.

A OMS recorda no relatório hoje publicado que a eliminação não representa o fim da luta contra a malária e que os países têm depois de prevenir ressurgimentos. A importação de casos de malária, por viajantes ou migrantes, implica o risco de um reacendimento da transmissão local do parasita em zonas onde subsista o mosquito Abopheles, que transmite a doença.

Pedro Alonso sublinhou a necessidade de maior investimento, sobretudo em regiões com elevadas taxas de transmissão de malária, em particular em África.

“Salvar vidas tem de ser a nossa primeira prioridade”, afirmou.

A malária é provocada por um parasita do género Plasmodium, que é transmitido aos seres humanos através da picada de uma fêmea do mosquito Anopheles. Existem várias espécies, mas o Plasmodium falciparum é o mais perigoso para os humanos e o mais prevalente em África, onde se concentram 90% das mortes pela doença.

Os primeiros sintomas da malária são febre, dores de cabeça e vómitos e aparecem entre 10 e 15 dias depois da picada do mosquito, mas se não for tratada, a malária por P. falciparum pode progredir para uma fase grave e acabar por matar.

O combate à doença passa por uma diversidade de estratégias, que passam pela prevenção, através do uso de redes mosquiteiras impregnadas de inseticida e pulverização do domicílio, assim como pelo diagnóstico e tratamento dos casos confirmados com medicamentos anti-maláricos.

Ainda não existe qualquer vacina para a doença, embora recentemente a OMS tenha aprovado a realização de estudos piloto da candidata mais avançada.