Depois de anos em contacto com o vinho, foi desta que a cortiça ficou com os copos. Pelo menos a julgar pela novidade que acaba de entrar na coleção Matéria, dedicada à criação de objetos inéditos em cortiça. Chamada precisamente “Tipsy”, que à letra significa “embriagado”, a mais recente joia na linha lançada pela Corticeira Amorim em parceria com a Experimentadesign consiste num suporte para uma garrafa que vive num difícil equilíbrio: constituído por um cilindro de cortiça oblíquo e com um buraco no topo, só se segura, como por magia, se lhe encaixar uma garrafa de vinho cheia.
A criação minimalista do japonês Keiji Takeuchi vem juntar-se a um catálogo que conta agora com 24 objetos de 12 designers nacionais e internacionais como Fernando Brízio, Miguel Vieira Baptista, Nendo ou Raw Edges, e que começou a ser construído em 2011, “numa altura em que o papel e a relevância da cortiça enquanto material de eleição para o design de interiores estava ainda longe de ser percecionado”, diz Carlos de Jesus, diretor de comunicação e marketing da Corticeira Amorim. Do novo suporte para garrafas ao balde de gelo desenhado por Filipe Alarcão, algumas peças sublinham o longo namoro entre a casca do sobreiro e o vinho mas a maioria vai muito para além disso.
“O desafio colocado por este projeto consiste em estreitar a relação entre a cortiça e o consumidor final, através de objetos de uso diário em contextos e situações comuns, em casa ou no trabalho”, diz Carlos de Jesus, para quem a coleção tem a missão de “introduzir um novo olhar sobre este material milenar e surpreender o público com a variedade de produtos em que a cortiça pode ser aplicada“.
Um passeio pelos objetos já lançados prova isso mesmo. De candeeiros com luz personalizável a saleiros e pimenteiros, passando por tambores silenciosos ou barcos em miniatura, a cortiça tanto serve para construir utensílios de cozinha como brinquedos para crianças, com o bónus de ter ficado demasiado bonita para esconder numa qualquer gaveta — o resultado é antes um autêntico objeto de decoração.
“Enquanto matéria-prima, a cortiça tem um conjunto de características distintas dificilmente replicáveis num só material”, diz Carlos de Jesus. “As suas 40 milhões de células por centímetro cúbico revertem em benefícios diversos, nomeadamente em termos de isolamento térmico e acústico, elasticidade, leveza, impermeabilidade a líquidos, entre muitos outros. E numa altura em que o conceito de luxo se está a transformar, em que se assiste a uma valorização de produtos de origem e a uma procura por materiais sustentáveis, a cortiça aparece no topo da pirâmide, como um produto que dá resposta a todos os requisitos.”
Do sobreiro para dentro de casa, aqui está a prova de que a cortiça não serve só para fechar garrafas, isolar casas ou servir a indústria aeroespacial mas também pode ser Matéria de design.
Nome: Matéria — Cork by Amorim
Pontos de venda: Lojas de museus (Serralves, Casa da Música) de design de interiores e mobiliário
Preços: 29,90€-340€