“O problema das startups na área da saúde é que, depois do lançamento, precisam de muito investimento. E é nesta altura que muitas destas empresas morrem”, afirmou Manuel Caldeira Cabral, ministro da Economia, durante a intervenção que fez num debate sobre a importância da inovação no setor da saúde, que se realizou esta sexta-feira no auditório da Reitoria da Universidade Nova, no Campus de Campolide, em Lisboa.
Uma forma de conseguir angariar o investimento de que essas ideias precisam é através do recurso à metodologia de gestão Value Creation Wheel, que, quando aplicada a ideias de negócio e patentes nesta área, pode ajudar muitos empreendedores a encontrar mercado e a rentabilizar as suas propostas.
O método desenvolvido por Luís Filipe Lages, professor catedrático da Nova SBE, adota processos inéditos para identificar, analisar e solucionar problemas com o objetivo de responder aos desafios da inovação em diferentes áreas, nas quais ajuda a criar valor.
A Value Creation Wheel (VCW) permite criar ideias, definir critérios de seleção para resolver problemas e apresenta soluções concretas. Parte do princípio “não vamos re-inventar a roda” e baseia-se na premissa que quanto mais livre for o processo criativo, maior será o número de possíveis soluções encontradas para o problema.
A inovação metodológica para lidar como a resolução de problemas — como encontrar mercados para patentes — recorrendo à estratégia de quem adota uma nova tecnologia depois de esta dar provas (late-adopters) foi também reconhecida pelo Wall Street Journal. Partindo da ideia “não é preciso arranjar o que não está avariado”, o processo criativo da VCW permite considerar um vasto número de premissas (no caso, que levam alguém a esperar pela maturação de um produto) como uma forma de criar valor e resolver desafios.
Na área da saúde, um dos principais desafios das startups é a entrada no mercado. Uma dificuldade que também pode ser minimizada com o recurso à Healthcare City, uma incubadora de empresas de saúde, um projecto da Nova Medical School, explicou Nuno Carvalho, na conferência “Criar Valor na Saúde: Inovação, Transferência de Tecnologia e Internacionalização”.
O objetivo é o de “estabelecer Portugal como um local privilegiado para o empreendedorismo baseado em cuidados de saúde”, disse o líder executivo da Healthcare City. Um exemplo que ajuda à articulação entre o conhecimento desenvolvido nas universidades e o mundo empresarial. Para Daniel Traça, Dean da Nova SBE da Universidade Nova de Lisboa, essa ligação é especialmente importante na área da saúde, que em Portugal é um dos setores mais dinâmicos.
“O setor da saúde é o que produz mais pesquisa científica, mais patentes em Portugal” e aquele onde as “exportações cresceram exponencialmente, sem aumento proporcional dos recursos”, afirmou. “As universidades e as empresas têm que falar a mesma a língua”, reforçou Daniel Traça. A Value Creation Wheel é uma ferramenta metodológica que ajuda a transformar a inovação mais produtiva e ajuda a que esse diálogo se estabeleça. “Esta metodologia ajuda à inovação, pode levá-la muito longe, se for tratada de forma metódica”, concluiu.
Ao longo da conferência, foram dados exemplos práticos da relação bem-sucedida entre conhecimento e inovação com recurso à metodologia. Entre alguns casos de sucesso apresentados, está a Coimbra Genetics, uma empresa portuguesa que desenvolveu o software ELSIE, uma plataforma que ajuda os profissionais de saúde a fazer diagnósticos mais personalizados e prognósticos, com base na informação genética dos pacientes.
Coimbra Genomics permite que médicos tomem decisões com base nos genes dos doentes, em tempo real #RoteiroCiência pic.twitter.com/YAiSJVJb1P
— Comissão Europeia em Portugal (@CE_PTrep) November 5, 2015
Outro dos casos apresentados foi o da Patient Innovation, uma rede social que permite aos pacientes e cuidadores partilhar as suas soluções para os seus problemas de saúde com outras pessoas. A plataforma permite a todos os que criaram uma forma inovadora de resolver um problema de saúde darem a conhecê-la a outras pessoas que também procurem uma resposta. O objetivo é o de permitir uma discussão mais direta de ideias, entre aqueles que mais sabem sobre as suas lutas diárias.
Jon Christiansen, from USA, amputee, invented the Sensastep, an assistive-walking device – https://t.co/TUJxIEQRyZ pic.twitter.com/cyq5fz7Jf2
— Patient Innovation (@PatientInnov) May 11, 2016