O primeiro-ministro considerou que a detenção de um funcionário do SIS (Serviços de Informações de Segurança) resultou de uma “cooperação exemplar” entre autoridades judiciárias e policiais e rejeitou qualquer preocupação face ao funcionamento das “secretas”.

António Costa falava aos jornalistas após ter estado presente juntamente com Álvaro Siza Vieira na inauguração da exposição de arquitetura da representação oficial portuguesa na Bienal de Veneza.

Na terça-feira, a Polícia Judiciária anunciou a detenção de duas pessoas, em Roma, uma das quais funcionário SIS, por suspeita de espionagem, corrupção e violação de segredo de Estado.

De acordo com o primeiro-ministro, este foi “felizmente um caso isolado”, tendo sido “o primeiro que aconteceu com os serviços de informações” nacionais.

“Mas este caso demonstrou uma excelente capacidade das autoridades judiciárias portuguesas, da Polícia Judiciária no sentido de cooperarem com o SIS, e de prosseguirem uma investigação criminal ao longo de meses ou anos e de uma forma exemplar. Houve uma excelente articulação da cooperação policial e judiciária também ao nível europeu”, sustentou o primeiro-ministro.

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António Costa disse depois que, na sequência deste caso, teve a oportunidade de “felicitar as autoridades judiciárias e policiais portuguesas”.

“Acho que foi um sucesso esta operação e agora aguardemos o normal funcionamento da justiça, a quem deve caber, naturalmente, o desenvolvimento da investigação e o julgamento que houver a fazer”, completou o líder do executivo.

Interrogado sobre a existência de vários casos no âmbito do Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP) ao longo dos últimos anos, o primeiro-ministro, que tutela estes serviços, defendeu que “não há qualquer motivo para haver uma preocupação sobre o nível de segurança e a qualidade dos serviços”.

“Há muito tempo que não havia um caso – e com essa configuração é a primeira vez que sucede. Os serviços de informações têm prestado um serviço muito útil ao país. Naturalmente pela própria discrição, a generalidade da sua atividade não é do conhecimento público”, referiu.

No entanto, António Costa deixou uma referência sobre o trabalho a fazer pelo secretário-geral do SIRP, Júlio Pereira, no plano da comunicação.

“Vai ser feito um esforço maior por parte do secretário-geral do SIRP de forma a divulgar melhor a atividade dos próprios serviços”, disse.

António Costa, porém, salientou logo a seguir que a detenção de um agente do SIS “é um daqueles casos que ilustra que uma andorinha não faz a primavera”.

“Foi um caso sempre acompanhado pelo anterior e pelo atual Governo com toda a discrição”, acrescentou.