É um nicho de mercado para nichos. Em Pombal, a Gosimac não produz grandes máquinas, mas as pequenas peças que fazem uma indústria funcionar. Segundo Pedro Gonçalves, responsável da empresa, “falamos de peças e materiais especiais, que envolvem muita atenção ao detalhe. Se um cliente precisar de uma turbina, por exemplo, conseguimos estudar a melhor alternativa e produzi-la”.
Esta visão de negócio, vocacionada para soluções industriais específicas, tem resultado. Além do mercado nacional (incluindo a Autoeuropa), a empresa tem hoje clientes em França, Inglaterra e Alemanha nos mais diversos setores. “Trabalhamos com as indústrias alimentar, aeronáutica, automóvel e dos plásticos, entre muitas outras. Posso dizer que temos peças até em satélites”, explica o administrador.
Desde 1988, ano em que o pai de Pedro Gonçalves fundou a empresa, “a evolução tem sido enorme e já [são] bem conhecidos no mercado”. Segundo Pedro, também é uma questão de coragem: “Não é qualquer empresa que faz uma peça para um satélite que depois vai para o lixo. O que acontece ao satélite? Cai?! Não, isso não pode acontecer. Assumimos o risco e produzimos peças à medida, com todos os estudos e análises necessárias para que não falhem”.
Um pulo para o futuro
Muitos anos depois da fundação da empresa, o filho Pedro entrou no negócio. Já tinha as bases necessárias para o ramo da maquinação – estudou Engenharia Mecânica em Coimbra – e a passagem pela Suécia, enquanto estudante do programa Erasmus, “deu-[lhe] mundo”.
Assim, em 2002, Pedro juntou “o útil ao agradável”: “Antes o meu pai tinha uma empresa mais tradicional e eu resolvi puxar por ele. Mais inovação, projetos diferentes.” A aposta resultou e hoje têm mais de 30 máquinas para tornar cada peça uma realidade.
Por outro lado, pai e filho procuraram definir melhor o trilho a seguir. Focaram-se na especificidade dos serviços que disponibilizavam aos clientes e na melhor forma de alcançar o sucesso em cada novo projeto. “Qualidade é o mais importante. Termos um produto de qualidade, quer seja proposto por um cliente ou por nós, é o que nos define. Cada vez que surge um projeto é um desafio, porque estudamos a fundo todo o processo de produção e a sua viabilidade. Só avançamos com esta base sólida”, explica Pedro.
Os clientes e o mercado agradecem. Uma das últimas peças produzidas nas instalações de Pombal, contratada por um cliente francês, venceu um prémio de inovação. “Foi uma turbina de geração de energia a baixa temperatura, que produzia energia a 60-100º. E estivemos envolvidos no processo todo, desde a conceção à finalização”, diz o responsável. Segundo ele, as “energias novas, as renováveis têm uma procura cada vez maior. Exigem ao mercado o tipo de serviços da empresa”.
Uma equipa muito jovem e profissional
Outro aspeto fundamental é a aposta na formação dos quadros da Gosimac, tanto a nível interno, como nos critérios de seleção. “Temos 28 pessoas a trabalhar – 24 na fábrica e mais 4 no escritório – e todas muito jovens. A média de idades deve rondar os 29, 30 anos”, explica Pedro.
A razão desta equipa “muito, muito jovem” passa pela ligação da empresa às escolas profissionais da região. Muitos dos trabalhadores estudaram Mecânica nos estabelecimentos de ensino profissional da zona e conseguiram aqui o primeiro emprego.
“É também uma forma de nos irmos adaptando, de termos sangue novo. A empresa foi crescendo e vamos tendo desafios cada vez maiores. Com as pessoas certas, as probabilidades de falhar alguma coisa são reduzidas. E, como disse, produzimos coisas que não podem falhar,” reforça o responsável.
Dar “os passos certos para não cair do cavalo abaixo”
Além dos prémios e do aumento do volume de produção, os últimos tempos não trouxeram mudanças profundas a esta empresa familiar. “Qualquer alteração implica um enorme investimento. Cada máquina para a linha de produção não é barata. Assim, vamos trocando e fazendo as atualizações necessárias no equipamento”, diz Pedro.
O crescimento também tem sido sustentado, com o volume de negócio a aumentar 10 a 12% anualmente. Para o administrador, “o mais importante é a proximidade com os clientes e, para já, chegam os mercados em que estamos”. A empresa participa em várias feiras do setor e procura ter uma área comercial muito ativa, uma necessidade para antecipar as peças que os clientes poderão querer a curto prazo.
“Temos clientes de todo o tipo de áreas e mal notámos a crise económica. Agora não está nos nossos horizontes explorar muito mais. É preciso darmos os passos certos para não cair do cavalo abaixo, como diz o meu pai, e apostar no que já temos”, explica o responsável.