Martin Schulz, presidente do Parlamento Europeu, espera que a Comissão Europeia tenha um comportamento “construtivo” e que não venha a aplicar sanções a Portugal. Em entrevista ao jornal Público, o alemão admite que “há forças que querem politizar” as decisões e penalizar um Governo de esquerda, mas faz questão de lembrar os “sacríficos excecionais” feitos pelos portugueses.

Creio que o povo português fez sacrifícios excecionais, enormes, por isso não vejo como é que a União Europeia pode impor sanções contra Portugal. Estou em contacto permanente com o presidente da Comissão e espero que fale de um modo construtivo, respeitando o que Portugal já fez na gestão do problema orçamental”, afirmou Schulz.

Esta não é a primeira vez que o alemão Martin Schulz se manifesta contra a eventual aplicação de sanções a Portugal. O presidente do Parlamento Europeu esteve no 21º Congresso Socialista e foi “claro e simples”: “Sou contra as sanções a Portugal”.

A Comissão Europeia decidiu adiar a decisão sobre a aplicação de sanções a Portugal e Espanha porque não era o “momento certo em termos económicos e políticos”, justificou então o comissário europeu para os Assuntos Económicos, Pierre Moscovici. A decisão será tomada em julho, já depois do referendo britânico que ditará a continuidade do Reino Unido na União Europeia e das eleições legislativas de Espanha. Perante o impasse, Martin Schulz vai avisando: seja qual for a decisão dos britânicos, a Europa tem de aproveitar este referendo para se repensar.

“É preciso utilizar o referendo britânico como uma oportunidade. Seja qual for o resultado. É preciso discutir a sério a reforma da zona euro e a reforma do sistema de decisão política”, afirmou o social-democrata, em entrevista ao Público.

O presidente do Parlamento Europeu refuta a tese de que existe na Europa uma luta entre direita e esquerda. Existe sim, diz Schulz, um confronto permanente entre aqueles que defendem que “é preciso reduzir a despesa nos orçamentos” e os que “dizem que nunca se conseguirá equilibrar as contas públicas sem investimento estratégico”. Para o social-democrata, no entanto, uma coisa é evidente: “A resposta séria é organizar uma economia mais justa. Temos um crescimento considerável do grande capital nos últimos anos e, do outro lado, um aumento considerável da pobreza. Isso mostra que não vivemos numa sociedade justa e razoável. O acesso dos jovens ao mercado de trabalho é um enorme problema. Há regiões com 40 e 50% de jovens no desemprego. É catastrófico.”

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