Não gostava de mulheres, não gostava de homossexuais, não gostava de negros, nem de judeus. O presidente americano Barack Obama descreve-o como um homem “cheio de ódio”. Gostava do emprego como segurança, da manutenção da ordem e de armas.

É um retrato ainda pouco nítido do atirador de Orlando que foi responsável pelo maior número de vítimas num ataque do género nos Estados Unidos, como descrito como um ato de ódio, mas também de terrorismo, o mais mortífero em solo norte-americano desde o 11 de setembro de 2001.

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As fotos são tiradas da página pessoal do Myspace, uma rede social que foi antecessora do Facebook. Nascido em Nova Iorque em 1986, mas de origem afegã, Omar S. Mateen foi investigado por duas vezes e interrogado várias vezes na qualidade de pessoa de interesse, mas nunca esteve envolvido em qualquer investigação específica.

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Durante o ataque que vitimou 49 pessoas (Omar foi a 50ª vítima mortal), agiu de forma “fria e calma”. A polícia ainda encetou negociações com o atirador, mas Omar fez poucas exigências. Estava ali para matar. Forçou a entrada na discoteca às 2 horas locais, depois de trocar tiros com um agente da polícia que estava a trabalhar no clube noturno. Começou aí um massacre de três horas. Estava no radar do FBI desde 2013.

As declarações inflamadas feitas no local de trabalho perante alguns colegas justificaram a sinalização por parte do FBI. Antes de entrar no Bar Pulse de Orlando e abrir fogo, Omar Mateen telefonou para o número de urgências americano, o 911, e clamou a sua lealdade ao líder do Estado Islâmico, Abu Bakr al-Baghdadi.

A agência conotada com o EI, a Amaq apressou-se a divulgar um comunicado que dizia que Omar Mateen era “um combatente” do Daesh”. Mas as investigações ainda não encontraram uma ligação efetiva com o Estado Islâmico (EI) e admitem que Omar se terá radicalizado sozinho e à distância. Para além dos Estados Unidos, também as autoridades afegãs abriram um inquérito para averiguar a existência de possíveis ligações de Mateen a grupos de militantes islâmicos.

Entretanto, o tiroteio foi reivindicado pela rádio oficial do EI que chamou a Mateen “soldado do califado”.

Um amigo de Mateen, citado pelo Washignton Post, revela que o terrorista fez uma peregrinação à Arábia Saudita pouco depois do divórcio. Ainda assim, Mateen nunca terá mencionado qualquer adoração pelo Estado Islâmico ou por outros grupos terroristas. Também o pai do atacante insiste em assegurar que Omar não estava envolvido com movimentos radicais islâmicos.

A informação disponível que existe aponta para que Mateen tenha sido um atacante solitário, na linha dos tiroteios que têm abalado a sociedade norte-americana nos últimos anos. A ideologia do Estado Islâmico terá servido de argumento, mas também o ódio aos homossexuais, uma combinação de motivações que ainda está a ser investigada pelas autoridades americanas. O atirador de Orlando com 29 anos foi abatido no local do ataque por uma equipa de intervenção especial (SWAT).

Omar Mateen terá usado duas armas, uma Glock e uma long-gun (arma de cano comprido), que comprou legalmente nas duas semanas que antecederam o ataque.

Segundo o testemunho do próprio pai, Mir Seddique, dado à cadeia NBC, o ato terrorista “não teve nada que ver com a religião”. Admite ainda que um detonador do ataque pode ter sido a raiva que Mateen manifestou quando dois homens se beijaram em frente à mulher e ao filho. Segundo o pai, Omar tinha um filho de três anos. O alvo escolhido, o clube Pulse, é uma instituição simbólica para a comunidade gay.

Já a ex-mulher de Omar, revelou ao Washington Post, que o jovem era violento e mentalmente instável que a agredia com frequência. “Ele chegava a casa e começava a bater-me só porque a roupa ainda não estava lavada, ou qualquer coisa parecida”. Omar que é residente na Florida foi casado durante dois anos com uma mulher originária de New Jersey.

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Segundo este testemunho, foram os país de Mateen que ajudaram a nora a sair da casa do filho. A ex-mulher diz ainda que Omar era uma pessoa “muito reservada” que gostava de armas e que até chegou a querer ser polícia —– no Myspace há fotos suas vestindo uma camisola da Policia de Nova Iorque. Acrescenta que não era particularmente religioso, não obstante nos últimos meses ter frequentado uma mesquita.

Um ex-colega, ouvido também pela NBC, descreve o autor dos atentados como racista, conflituoso e “tóxico”. Daniel Gilroy diz que Mateen era um trabalhador responsável que muitas vezes chegava ao local de trabalho antes de hora e que era fascinado pela manutenção da ordem e por armas.

Mas também era muito irascível e racista. “Era assustador de uma forma preocupante. E não era só às vezes, era sempre. Tinha problemas de controlo de raiva. Qualquer coisa podia provocar a sua ira, mas as circunstâncias que mais o irritavam estavam sempre relacionadas com mulheres, raça ou religião”. Estes eram os seus “detonadores”, realça o antigo colega que diz ter deixado o emprego por causa da postura agressiva de Omar.

“Ele não gostava de negros, fez essa referência algumas vezes. Mas não gostava mesmo nada de mulheres. Sentia-se sexualmente atraído por elas, mas não as respeitava.”

Também a ex-mulher, destaca o caráter violento e descontrolado de Omar, com quem viveu apenas alguns meses, apesar de o divórcio só ter formalizado mais tarde. Ele “manifestava ódio para com certas coisas, para com tudo”.

Para Barack Obama, é evidente que o atirador da Florida era uma “pessoa cheia de ódio”.

Apesar do historial de violência doméstica e do aparente ódio aos homossexuais, o bar atacado em Orlando estava associado ao movimento LGBT (sigla inglesa para lésbica, gay, bissexual e transgénero) — Mateen parecia ter uma vida relativamente tranquila. Trabalhava como segurança privada, ocupação que pode explicar a eficácia do ataque a tiro, vivia num modesto apartamento de duas assoalhadas em Fort Pierce, uma cidade na costa leste da Florida, que fica a quase 200 quilómetros de distância de Orlando, uma viagem que demora duas horas de carro.