Gregory Rabassa, tradutor norte-americano responsável por levar para o mundo anglo-saxónico as obras de autores como Gabriel García Márquez, Jorge Amado e António Lobo Antunes, morreu na segunda-feira em Branford, no estado do Connecticut. Rabassa tinha 94 anos.

Filho de um emigrante cubano, Miguel Rabassa, e de uma nova-iorquina, Clara Macfarland, Gregory nasceu a 9 de março de 1922 em Yonkers, em Nova Iorque. A infância foi passada numa quinta em Hanover, para onde o pai se mudou depois do declínio do mercado da venda de açúcar cubano, nos anos 20, para se tornar hoteleiro.

Apesar de o pai raramente falar em espanhol, Rabassa apaixonou-se pela língua — uma paixão que o haveria de acompanhar ao longo da vida e levá-lo à tradução. Depois de servir como criptógrafo durante a Segunda Guerra Mundial, tirou um bacharelato em línguas românicas na Universidade de Dartmouth, continuando depois a estudar espanhol. Na Universidade de Columbia, onde deu aulas durante duas décadas, doutorou-se em português.

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Livro de memórias de Gregory Rabassa, publicado em 2005

Membro do Queens College, em Nova Iorque, onde foi professor depois de sair de Columbia, era considerado um dos melhores tradutores do mundo. Ficou conhecido por traduzir vários autores latinos da corrente do “El Boom”, que emergiram na década de 60, e por torná-los acessíveis aos leitores de língua inglesa. Entre as várias obras que traduziu do espanhol, destaca-se Cem Anos de Solidão, do colombiano Gabriel García Márquez. Do Prémio Nobel da Literatura traduziu ainda O Outono do Patriarca.

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De espanhol para inglês traduziu também O Jogo do Mundo, do argentino Julio Cortázar, pelo qual ganhou o National Book Award na categoria de “Tradução” em 1967, A Casa Verde e Conversación en La Catedral, do peruano Mario Vargas Llosa, Prémio Nobel da Literatura em 2010.

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Foto: ND Books

Do português, traduziu vários autores brasileiros, como Jorge Amado, Clarice Lispector e Machado de Assis, e ainda Fado Alexandrino e As Naus, de António Lobo Antunes.

Ao longo da vida, Gregory Rabassa recebeu vários prémios como as suas traduções, como o PEN Prize (1977) ou o Gregory Kolovakos Award (2001). Em 2005, publicou If This Be Treason: Translation and Its Dyscontents, A Memoir, um livro de memórias sobre o seu trabalho como tradutor. A obra foi galardoada com o PEN/Martha Albrand Award, em 2006.