Jacques Hamel, o padre degolado por um terrorista em Rouen, na região da Haute-Normandie (no norte da França) era pároco auxiliar da igreja de Saint-Étienne, uma das duas paróquias da vila de Saint-Étienne-du-Rouvray. O ataque à igreja aconteceu depois da celebração da eucaristia, levada a cabo pelo padre Jacques — como era conhecido pelos paroquianos — em substituição do sacerdote responsável, o Padre Auguste Moanda-Phuati que se encontrava em Cracóvia, na Polónia, onde decorrem as Jornadas Mundiais da Juventude.
O sacerdote Jacques Hamel nasceu em 1930 em Darnétal, na região francesa de Seine-Maritime, no nordeste da França. Foi ordenado padre em 1958 e celebrou os seus 50 anos ao serviço da igreja em 2008, refere o jornal Le Figaro citando o site da paróquia.
“Era um padre corajoso para a sua idade. Os sacerdotes têm o direito de se aposentar aos 75 anos, mas ele preferiu continuar a trabalhar ao serviço das pessoas, porque ainda se sentia forte“, contou emocionado o Padre Auguste Moanda-Phuati ao jornal La Voix du Nord.
https://twitter.com/PereCedric/status/757910238238543872
O padre Jacques escolheu continuar a exercer o sacerdócio porque sabia que não existiam párocos suficientes e além do mais achava impossível que um padre pudesse algum dia reformar-se verdadeiramente. “Alguma vez se viu um padre na reforma? Vou trabalhar até ao meu último suspiro“, é uma das frases que lhe é atribuída sobre a forma como encarava a sua missão.
“Era uma pessoa muito apreciada, era um homem bom, simples e sem grandes extravagâncias. Beneficiámos muito da sua experiência e sabedoria na paróquia de Saint Étienne. Esteve ao serviço das pessoas toda a sua vida”, disse o padre de origem congolesa sobre o seu auxiliar.
Numa das suas últimas comunicações oficiais aos paroquianos de Saint-Étienne, o Padre Jacques falou da reflexão necessária em tempo das férias e deixou um convite aos fiéis:
Que possamos ouvir nesses momentos o convite de Deus para cuidar deste mundo onde vivemos e fazer dele um lugar mais caloroso, mais humano e mais fraterno”, lê-se na carta.
https://twitter.com/fabricekn/status/757951745016422404
Muitos dos fiéis que privaram com o Padre Jacques Hamel ou dele receberam sacramentos, têm deixado as suas manifestações de pesar através da rede social Twitter.
https://twitter.com/EmmaTrolet/status/757869965982720000
Le prêtre qui a été égorgé c'est celui qui a baptisé un de mes petits cousins récemment…
— ???? (@JulietteSeradi) July 26, 2016
Non vraiment choqué déçu prêtre qui a baptisé ma soeur et ma mere qui décède alors qu'il avais rien demandé…
— NINTCH ????????????????⭐️ (@DamssGmS) July 26, 2016
“Era um padre muito popular entre os fiéis. A comunidade católica é muito unida em Saint-Étienne, onde existem duas paróquias. Na temporada de férias, é uma comunidade de apenas 600 fiéis, mas a vida religiosa é muito animada”, disse o capelão da paróquia, Victor Mbeindjock Nola, ao Le Figaro.
Era conhecido por promover o diálogo com o Islão
Mohammed Chirani, presidente da associação “Parle-moi d’Islam” que quer dar a conhecer o Islão como religião de paz e promover o diálogo inter-religioso em França, prestou homenagem ao Padre Jacques Hamel.
“Pelo homem de fé que sempre trabalhou para que pudéssemos viver juntos e promover o diálogo islâmico-cristão, eu rezo a Deus para que te receba na sua infinita misericórdia”, escreve na publicação.