Um grupo de cientistas do Instituto de Evolução de Biologia Molecular da Universidade de Düsseldorf, na Alemanha, conseguiu gerar um modelo que dá um novo retrato genético do antepassado universal comum de todos os organismos vivos.
As principais características do organismo metabólico (cujo acrónimo em inglês é LUCA, de Last Universal Common Ancestor), a partir do qual todos os organismos vivos se desenvolveram e o tipo de ambiente em que provavelmente viveu, foram identificados num artigo publicado na revista Nature Microbiology.
Esta investigação fornece novas evidências que permitem sustentar a teoria de que a vida na Terra teve origem no desenvolvimento de organismos autotróficos — isto é, organismos capazes de sintetizar seu próprio alimento (que produzem substâncias orgânicas nutricionais a partir de substâncias inorgânicas, tais como o dióxido de carbono) — que viviam em ambientes hidrotermais (como os lagos subterrâneos quentes dos vulcões, por exemplo).
Also, the story behind the paper on our community: How and where did the very first cells on Earth make a living? https://t.co/iydjPQCtmz
— Nature Microbiology (@NatureMicrobiol) July 25, 2016
A análise genética de mais de 286 mil famílias de genes levada a cabo pelos cientistas revela que o último antepassado universal comum (LUCA) estava adaptado para sobreviver em ambientes quentes, sem oxigénio, ricos em minerais. Ou seja, em ambientes semelhantes às águas termais que vemos hoje na Terra, refere a Nature em comunicado.
O estudo levado a cabo pela equipa de investigação liderada por William Martin, um biólogo evolucionista, representa um avanço importante no conhecimento acerca do início da evolução e da origem da vida na Terra. A ideia de que o mais antigo antepassado comum (LUCA) surgiu há cerca de quatro mil milhões de anos, é unanimemente aceite pelos biólogos, mas existia pouca informação sobre como e onde esse organismo de uma única célula (semelhante a uma bactéria) se teria desenvolvido.
A equipa de investigação analisou as relações evolutivas de 6,1 milhões de genes procariotas (unicelulares) de proteínas para procurar genes antigos que podem ter-se desenvolvido a partir do mais antigo antepassado comum (LUCA). Apenas 355 grupos de proteínas passaram o crivo dos critérios rigorosos dos investigadores, mas este grupo foi suficiente para permitir determinar que esse organismo inicial (LUCA) era anaeróbi0 (não necessitava de oxigénio para se desenvolver) e termofílico (um microrganismo que vive e se desenvolve em ambientes com temperaturas elevadas) e dependia do dióxido de carbono, nitrogénio e hidrogénio para sobreviver.
Com base nesta análise, a equipa de biólogos evolutivos concluiu ainda que alguns dos organismos vivos da Terra, mantêm atualmente o mesmo padrão de vida, incluindo alguns tipos de bactérias (como os clostrídios) e microrganismos que produzem metano (metanogénios).