As exportações de bens caíram 2% em junho e acumulam já o quarto mês consecutivo em queda, quando comparado com o mesmo mês do ano passado, agravando o défice comercial em mais 98 milhões, para mais de 900 milhões de euros. As vendas de combustíveis continuam a ser o principal responsável para a variação.
Mais um sinal de abrandamento que pode afetar as contas para a economia nacional este ano. Segundo o INE, as exportações de bens voltaram a cair em junho, quando comparado com o mesmo mês do ano passado, perfazendo também uma queda no segundo trimestre do ano (1,9%). A queda é maior que a verificada no mês passado, altura em que as exportações de bens estavam a cair 1,1%.
Fonte: INE
Olhando para os valores mensais, quanto é que as vendas estão a aumentar ou diminuir de mês para mês, nota-se que as exportações estão a aumentar há dois meses e em junho até tiveram um mês de crescimento expressivo, 6,2%.
No entanto, a queda que se verificou na parte final do ano passado e em abril deste ano, juntamente com um nível de crescimento mensal das vendas de bens para o exterior menos expressivo, faz com que as exportações continuem muito abaixo do que se verificava na primeira meta do ano passado, o que prejudica as contas do PIB deste ano.
Já as importações caíram menos, apenas 0,4%, depois de uma queda muito pronunciada em maio, de 3,8%. Em termos trimestrais, as contas são mais positivas (para o desequilíbrio da balança comercial de bens), já que apesar da queda referida em cima das exportações em 1,9%, as importações caíram 3,7%, quando comparado com o segundo trimestre do ano passado.
Fonte: INE
Ainda assim, de acordo com as contas do INE, o défice da balança comercial de bens (saldo entre importações e exportações) agravou-se em junho, agora em mais 68 milhões do que se registava em junho de 2015. Com o novo agravamento, este défice agravou-se para os 924 milhões de euros.
Combustíveis desequilibram contas
Como tem acontecido, uma boa parte da variação, tanto nas exportações como nas importações, deve-se às variações nos preços dos combustíveis. Em junho, quando comparado com o mesmo mês do ano passado, o valor da venda de combustíveis caiu em 27,4%, uma valor semelhante ao registado na compra de combustíveis, que caiu 26,2%. As boas notícias estão na venda de produtos alimentares e bebidas, que aumentaram em 4,7%.
No caso das importações, há variações mais expressivas, Por exemplo, as vendas de material de transporte aumentaram em 25%, especialmente na rubrica de outro material de transporte (+129,9%) devido à compra de aviões oriundos do Brasil e Estados Unidos, que tiveram como destino a TAP. A importação de bens de consumo cresceu outros 8,5%.
As maiores dores de cabeça: Angola e China
A crise em Angola continua a dar dores de cabeça a Portugal e de que maneira. A tendência de queda já é antiga e não dá sinais de abrandar. Em junho deste ano, quando comparado com o mesmo mês de 2015, as vendas para Angola caíram 42%. Os negócios com Angola, um dos principais clientes das exportações portuguesas em 2015, mas também um dos principais fornecedores das importações portuguesas, estão a contrair-se de forma considerável e continua.
O saldo entre Lisboa e Luanda continua positivo para Portugal, mas isto só acontece graças a uma travagem a fundo das importações, que caíram 55,6%. Ou seja, Portugal vendeu menos 73 milhões de produtos a Angola, mas também comprou menos 102 milhões de euros. Em junho do ano passado, o saldo das trocas entre os dois países era negativo para Portugal.
Exportações e Importações por países. Fonte: INE
O caso da China é diferente. O abrandamento da economia chinesa está a ter impacto um pouco por todo o mundo, mas com especial ênfase nos países asiáticos que lhe fornecem matérias-primas, juntamente com alguns países sul-americanos e africanos. No caso das trocas com Portugal, há, mais uma vez, uma queda pronunciada nos bens que a segunda maior economia do mundo está a comprar a Portugal (-39,5%).
A diferença faz com que Portugal gaste o dobro a comprar bens à China do que aquilo que consegue vender, até porque Portugal aumentou as importações provenientes da China em 2,8%, cerca de quatro milhões de euros.