A 360imprimir captou 3 milhões de euros numa ronda de investimento suportada pela Pathena, sociedade de capital de risco nortenha liderada por António Murta. Os objetivos da startup portuguesa passam agora por reforçar a equipa, consolidar o mercado brasileiro e mexicano – onde já estão presentes -, avançar para mais mercados da América Latina, como a Argentina e o Chile, e tornar-se numa one stop shop de produtos de marketing, onde qualquer empresa ou marca pode adquirir os produtos que precisa. Na Europa, os fundadores querem arrancar com testes piloto, mas não para já.

“Este investimento vai servir para duas coisas: uma é reforçar a equipa com pessoas que ajudem a empresa a crescer e a desenvolver tecnologicamente; a outra é aumentar o número de mercados, sobretudo na América Latina, e a gama de produtos que já temos”, explicou ao Observador o cofundador João Matias.

A 360Imprimir nasceu em 2013 pelas mãos de seis fundadores: Diogo Silva, João Matias, Jorge Correia, José Salgado, Pedro Gaspar e Sérgio Vieira. Com um investimento inicial de 10 mil euros em capitais próprios, reinventaram a forma como as gráficas da zona de Lisboa produzem e fazem negócio. Hoje, imprimir 500 cartões-de-visita através da 360imprimir pode custar, por exemplo, 9,99 euros. E 4.000 flyers custa 27,99 euros. Com um ano e dois meses de vida, atingiram uma faturação de 1,5 milhões de euros no final de 2014. Em 2015, ultrapassaram os 2 milhões. Este ano, o objetivo é chegar aos 7 milhões.

“Não somos uma startup típica. O nosso trabalho não é tanto desenvolver a ideia, focamo-nos mais naquilo que é o nosso conceito. Temos um conceito claro e trabalhamo-lo. Queremos ter um produto acessível a nível de preço e que não seja uma barreira tecnológica para os clientes de pequenas e médias empresas. E focámo-nos muito em garantir que tínhamos vendas que suportassem o negócio. É isso que justifica a faturação”, explica João.

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Com cerca de 200 mil clientes e presente em quatro mercados – Portugal, Espanha, Brasil e México – a 360imprimir conta já com 75 colaboradores. Há cerca de um ano não chegavam a 30. Este ano querem fechar o ano com cerca de 190. E como é que tudo isto surgiu? De uma necessidade dos fundadores.

“Quando precisávamos de imprimir cartões-de-visita ou as teses de final de curso, achávamos tudo bastante caro. Tentámos perceber onde é que havia espaço para servir melhor e com mais valor. Tentámos perceber o negócio, as ineficiências da indústria e as dificuldades que os clientes tinham em chegar aos produtos”, explica o engenheiro de software.

O primeiro obstáculo foi convencer as gráficas, mostrar-lhes que o software que desenvolveram era uma opção “credível”. O segundo teve a ver com a formação das pessoas que trabalhavam na indústria. “As gráficas eram um circuito muito fechado, não aceitavam que um negócio online mudasse a forma como produziam. Mas conseguimos conquistar a confiança das gráficas. Depois, tivemos de ajudá-las a profissionalizar alguns processos, para conseguirmos garantir a qualidade que queríamos. Depois, tivemos o trabalho de ensinar as pessoas a criar o seu produto online”, conta João Matias.

A opção de personalizar os produtos surgiu com a entrada no mercado brasileiro, em 2015. Foi lá que perceberam que os consumidores não se importavam de pagar mais para escolher o design dos cartões ou dos cartazes. Testaram a mudança nos outros países e só o mercado espanhol cresceu, no imediato, cerca de 20%.

Atualmente, o mercado europeu (Portugal e Espanha) representa cerca de 50% da faturação da empresa e o mercado brasileiro representa a outra metade. O México ainda tem uma expressão pequena nas contas da empresa, porque só começaram a operar no país em março deste ano.

No final do primeiro ano de atividade, em 2014, contavam com cerca de 15 mil clientes. No ano seguinte, somavam 135 mil e em setembro de 2016 contabilizam cerca de 260 mil. E até terem finalizado esta ronda, contaram apenas com os 10.000 euros em capitais próprios e com 250.000 que receberam da Shilling Capital Partners.

“A aceleração do negócio é sempre uma faca de dois gumes. Quando temos esta quantidade de dinheiro, também temos uma responsabilidade de crescimento séria. Antes, quisemos definir bem qual era a nossa estratégia, o rumo que queríamos seguir, para não sermos acelerados no sentido errado. Estes três anos também serviram para ganharmos alguma maturidade, para conhecermos o que é entrar num país da América Latina, como o Brasil, para conhecermos as dificuldades”, explica João.