Durão Barroso continua com vida difícil em Bruxelas. O ex-presidente da Comissão Europeia e antigo primeiro-ministro português vai perder os “privilégios de passadeira vermelha” com que são brindados os restantes ex-presidentes da Comissão. Esta foi uma orientação dada pelo próprio sucessor do português, Jean-Claude Juncker, na sequência da nomeação de Barroso como presidente do conselho de administração da Goldman Sachs International.

A notícia é avançada pelo Financial Times (link para assinantes), que dá conta da decisão tomada por Juncker. De acordo com aquele jornal, Barroso passará a ser recebido em Bruxelas “não como antigo presidente, mas como representante de um interesse e será sujeito às mesmas regras” que os restantes lobistas. Esta notícia surge no mesmo dia em que o Expresso dá conta da decisão de Juncker de pedir novos esclarecimentos a Durão Barroso sobre o seu novo trabalho.

Numa carta enviada à provedora de justiça europeia e responsável por supervisionar questões de ética na Europa, Emily O’Reilly, o luxemburguês explica que “embora nos meus contactos com o Sr. Barroso ele tenha confirmado o compromisso com um comportamento com integridade e discrição também na sua nova posição no Goldman Sachs, eu pedi que, neste caso específico, porque envolve um antigo presidente da Comissão, o secretário-geral lhe envie uma carta pedindo-lhe esclarecimentos sobre as novas responsabilidades e os termos de referencia do contrato”, escreve o presidente da Comissão Europeia na carta a que o Expresso teve acesso.

A ida de Durão Barroso para a Goldman Sachs International, um dos maiores bancos de investimento do mundo, motivou duras críticas de vários representantes europeus. Pierre Moscovici, comissário europeu dos Assuntos Económicos e Financeiros, por exemplo, deu a entender que Durão Barroso deveria ter feito uma “reflexão política, ética e pessoal” e “pensar na imagem que projeta”.

Ora, apesar das críticas quase generalizadas, a comissão de ética da Comissão Europeia considerou que não estava em causa um conflito de interesses, uma vez que já tinham passado 18 meses desde a saída de Durão Barroso da presidência da Comissão Europeia. No entanto, e de acordo com o mesmo Financial Times, Jean-Claude Juncker quer pedir novo parecer à Comissão.

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