Os vencimentos das estrelas do mundo do desporto, pilotos de Fórmula 1 (F1) incluídos, permanecem tanto quanto possível no maior dos secretismos. Mas, se há segredos, eles existem para serem revelados e, em matéria de rendimentos dos pilotos de F1, só há segredos até à saída do Business Book GP, que torna público quanto ganha cada um deles. Pelo menos, em termos de vencimento base. Sendo que “base” talvez não seja o termo ideal para definir o salário dos homens mais rápidos do mundo que, para além disso, ainda podem ganhar uns “extras” com prémios, patrocínios privados (quando existem) e os anúncios comerciais para os quais vendem a sua imagem.

Segundo o anuário Business Book GP, a tradição ainda é o que era, pelo que é sem surpresa que o maior ordenado pertence ao actual Campeão do Mundo em título. Com 32 milhões de euros por ano, Lewis Hamilton lidera a tabela dos cheques anuais.

O mais estranho é a curta distância que separa o três vezes Campeão do Mundo de F1 de alguns dos seus adversários no que à remuneração diz respeito, tanto mais que eles que estão a anos-luz no que respeita aos pontos amealhados para o campeonato deste ano, numa altura em que estão disputadas 15 das 21 provas que compõem o Mundial.

F1 2016 - Mercedes W07 - Drivers view

Esta é a visão que têm os pilotos da Mercedes na F1: nada à frente e todos atrás, com Rosberg e Hamilton a liderar o campeonato de 2016

Mais pontos com menos dinheiro

No capítulo das curiosidades, Hamilton é 2º no campeonato, a 8 pontos do líder Rosberg, o seu colega de equipa na Mercedes. Mas a verdade é que o inglês custa à equipa exactamente o dobro por ano, com Nico Rosberg a ser apenas o 5.º mais caro, com 16 milhões.

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Outra particularidade tem a ver com o facto de existirem apenas três pilotos a ganhar 30 milhões ou mais (caso de Lewis, com 32), embora a actual classificação do campeonato indique que este equilíbrio é meramente financeiro, pois se Hamilton é 2º, Vettel é 4º mas com quase metade dos pontos, e Alonso encontra-se apenas no 11º lugar, com sensivelmente 10% dos pontos dos primeiros classificados.

Em compensação, Daniel Ricciardo da Red Bull é 3º no campeonato e o rival mais próximo dos dois Mercedes, mas recebe “só” 5,5 milhões. Valtteri Bottas (3 milhões) é outro bom investimento, pois é o 11º a receber e o 7º a oferecer pontos à equipa, neste caso a Williams, sendo que o piloto mais rentável da actual grelha da F1 é Max Verstappen, ao reclamar apenas o 16º posto no ranking dos salários (500 mil euros) quando consegue ser o 6º classificado, aos comandos do Red Bull.

Se incluirmos os bónus e as compensações pelos pontos obtidos, a lista que publicamos muda ligeiramente de figura. Hamilton, por exemplo, cuja fortuna pessoal é estimada em 150 milhões de euros e que, em 2015, ganhava 25 milhões de euros/ano, não só aumentou para 32 este ano, como adiciona mais cerca de 10 milhões por ano em prémios por desempenho, valor que ainda assim não lhe permite liderar a tabela. Isto porque passa a ser Vettel o mais bem pago, uma vez que soma aos 30 milhões de salários os 20 que recebe como bónus.

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Um dos maiores apoios financeiros das equipas de F1 vem dos direitos televisivos, que recebem consoante o seu desempenho, mas apesar do foco estar na transmissão televisiva, a F1 continua a ter muitos espectadores na maioria dos circuitos, como no México

Quem mais cresce em matéria de vencimento com a introdução dos bónus, pelo menos percentualmente, é Kimi Raikonen, com o piloto da Ferrari a ter assinado um contrato para apenas um ano e por um valor não muito elevado (apenas 8 milhões), mas que previa uma elevada compensação por cada ponto conquistado. O que, face aos 148 pontos que já somou nas 15 corridas realizadas, lhe permite ambicionar reforçar o salário original com mais qualquer coisa como 10 milhões de euros, o máximo previsto no acordo.

No funda da lista das remunerações figuram uma série de pilotos, jovens na maioria, a que se atribuem ordenados entre 150 e 750 mil euros. Na realidade, a generalidade destes casos envolve os chamados pilotos pagantes, eles que recebem uma salsicha daqueles a quem deram um porco. Concretizando: para terem acesso ao volante da equipa que os contrata, vêem-se obrigados a encontrar patrocinadores na ordem de vários milhões, com a equipa depois a devolver-lhe uma parte da verba – bastante pequena – em forma de salário.

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Mercedes e Ferrari (à esquerda e à direita, respectivamente) são quem mais paga aos seus pilotos, mas disputam as vitórias com os homens da Red Bull, cujos pilotos são apenas o 7º e o 16º no ranking dos vencimentos

Adeus crise

O aperto do cinto que afectou a F1, com a disciplina máxima do desporto automóvel a também não ficar incólume à crise mundial de 2008, parece pertencer já ao passado. Se considerarmos que Lewis Hamilton recebia só de salários, em 2014, uns interessantes 20 milhões, valor que subiu para 25 no ano passado e para 32 em 2016, ficamos com uma ideia de que a massa salarial tem vindo a aumentar bastante acima da inflação.

Sebastian Vettel, por exemplo, quando em 2014 estava na Red Bull, tinha um salário de 22 milhões de euros. Isto numa fase em que disputava corridas e campeonatos. Assinou pela Ferrari e passou a andar mais longe da bandeira de xadrez e do título, mas nada que afectasse a sua carteira, pois subiu para 28 milhões em 2015 e 30 este ano, não considerando os prémios. Até Rosberg, que continua a ser o número dois da Mercedes, pelo menos em termos remuneratórios, ganhava 12 milhões em 2014, tendo visto essa verba passar para 13,5 no ano transacto e 16 milhões em 2016.

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Em termos de estatura dos ases da F1, Massa (1,66 m) é o mais baixo e Hülkenberg (1,84 m) o mais alto. Como ganham exactamente o mesmo (4 milhões de euros) fica provado que, na F1, os pilotos não se pagam aos palmos