Hélder Trindade, presidente do Instituto Português do Sangue, apresentou a sua demissão, de acordo com fonte oficial do Ministério da Saúde citada pela Rádio Renascença. O especialista em transplantação terá justificado a demissão com “razões pessoais”. Os rumores da saída de Hélder Trindade começaram a circular após um comunicado enviado esta tarde pela Associação de Dadores de Sangue do Concelho de Aveiro (ADASCA).
O pedido de demissão ocorre poucos dias depois de a Direção-Geral da Saúde (DGS) ter divulgado uma norma de orientação clínica no sentido de permitir a dádiva de sangue por parte de homossexuais e bissexuais, embora condicionada a um período de abstinência de um ano.
Estas novas regras vêm pôr fim à proibição total de homens que fazem sexo com homens (HSH) – homossexuais e bissexuais – poderem dar sangue, passando aquilo que é hoje considerado como “critério de suspensão definitiva” para “critério de suspensão temporária”.
Na prática, os HSH passam a poder ser dadores de sangue, estando sujeitos à aplicação de um período de suspensão temporária de 12 meses após o último contacto sexual, com avaliação analítica posterior.
A norma, publicada na página da DGS na segunda-feira, vem também estabelecer um período de suspensão de 12 meses após o último contacto sexual para pessoas que tenham tido parceiros portadores de infeção por VIH, hepatite B e hepatite C.
Hélder Trindade já tinha sido contestado pelo Bloco de Esquerda em 2015, por este ter afirmado que só admitia dadores homossexuais que fossem abstinentes.
Médico desde 1978, Hélder Trindade chegou a ser nomeado para a coordenação da comissão para revisão das normas de seleção do par dador-recetor em transplantação renal. Foi reconduzido no cargo de presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar de São João António Luís Trindade Sousa e Lobo Ferreira.