A Restart – Escola de Criatividade, Artes e Tecnologia faz a sua primeira expansão para fora da capital, com a abertura de 30 cursos no distrito do Porto. Audiovisual, estratégia de redes sociais, operação de drones, realização, criação e composição musical, marketing digital, web development e produção de eventos são alguns dos cursos em catálogo. Alguns já têm as inscrições abertas.
“Sabemos que o Porto detém um mercado muito interessante nas áreas das indústrias criativas, 25% da totalidade das empresas desta área estão sediadas a norte. Temos lá um mercado muito interessante, diferente de Lisboa”, explica ao Observador Filipa Oliveira, a diretora da Restart Porto, numa entrevista telefónica. Por ser diferente, Filipa Oliveira salienta que a estratégia não passa por levar a escola de Lisboa para a Invicta, mas sim criar uma nova Restart de raiz. “Há necessidades específicas, estamos a desenhar uma oferta ajustada ao mercado, que está em crescimento“, garante.
O campus vai estar sediado no Centro de Produção Norte da RTP no Monte da Virgem, em Gaia, e é ali que vai decorrer a maior parte das aulas. A escolha deveu-se às condições técnicas favoráveis e à possibilidade de dar as aulas práticas nos estúdios da RTP, com acesso em direto à gravação de alguns programas. “Estamos a ver a possibilidade de, em algumas áreas mais artísticas, criarmos algumas formações deslocadas”, adianta Filipa Oliveira.
Os cursos dividem-se em cinco áreas: Som e Música, onde se incluem os cursos de gestão de playlist, criação e composição musical; Cinema e Imagem, que engloba cursos como o audiovisual, operação de drones e escrita de argumento; Comunicação e Novos Média, onde cabe, por exemplo, o marketing digital, as redes sociais ou a animação de rádio; Jogos e Animação, com destaque para a realidade virtual, programação mobile, gestão de WordPress, motion graphics e efeitos visuais; e finalmente Eventos e Entretenimento, onde se aposta na formação de produção e gestão de eventos, de bilheteira e de produção ao vivo.
As cerca de três dezenas de ofertas curriculares têm diferentes destinatários. Os mais longos, de 260 horas, são mais frequentados por “jovens que pretendem uma formação profissionalizante e entrar no mercado de trabalho”, preferencialmente com o ensino secundário concluído. Profissionais que querem entrar nestas áreas ou que desejem uma atualização de conhecimento têm ao dispor, se preferirem, cursos e workshops com menor carga horária. Os cursos mais longos custam 2.995 euros. Workshops de 21 horas, por exemplo, em regime pós-laboral ou ao fim de semana, custam 195 euros.
Os primeiros cursos deverão começar no início de novembro e o objetivo da Restart é ter 100 alunos neste primeiro ano letivo. Cada turma tem, no máximo, cerca de 15 alunos, o que “permite um acompanhamento muito próximo”, não só na formação técnica, mas também “nas soft skills, isto é, nos aspetos comportamentais, porque há criativos que não tem facilidade em concorrer, em mostrar-se, em defenderem-se no mercado de trabalho”, explica a diretora.
Expansão é a palavra de ordem
Juntamente com a norte-americana Maureen Ferguson, a diretora do polo em Lisboa, a Restart tem, pela primeira vez nos seus 13 anos de história, uma direção feminina. Para Maureen, “mais interessante do que serem duas mulheres, é serem duas pessoas com perspetivas diferentes”, sublinha. “Juntas, traremos uma sensibilidade diferente à escola. Não necessariamente feminina.”
Atualmente, a estratégia principal passa pela expansão. Isso significa que vão abrir em mais cidades? “Ainda é cedo para responder a essa pergunta”, diz a norte-americana. Por agora, as duas preferem focar-se em expandir o público para lá de Lisboa e Porto. Para isso, as parcerias são importantes e a primeira já está estabelecida. Será com a Full Sail University, uma universidade na Flórida, EUA, conhecida na área do audiovisual e multimédia.
Uma vez que do outro lado do Atlântico os cursos são de três e quatro anos, a parceria dará aos alunos da Restart “acesso facilitado e melhores condições se quiserem ingressar lá”, garante Filipa Oliveira. “E queremos trazer nomes importantes no ensino para promover experiências aos nossos alunos.” Como a presença de Chance Glasco, um dos criadores do videojogo “Call of Duty“, que esteve em Lisboa este verão para fazer uma apresentação aos alunos. A decorrer estão as negociações para uma parceria com uma escola de artes performativas de Barcelona, em Espanha, cujo nome preferem não revelar ainda.