Durão Barroso, ex-presidente da Comissão Europeia e atual presidente não-executivo do Goldman Sachs International, disse que qualquer medida que seja aplicada contra ele pela Comissão Europeia será discriminação. Barroso acrescentou ainda que, na sua opinião, a discriminação está ligada à sua nacionalidade.
“Houve outros membros da Comissão, incluindo um presidente da Comissão que foi trabalhar para o Goldman Sachs e nunca foram tomadas medidas contra eles. Porque foram tomadas contra mim? A minha opinião é porque eu sou português, porque se fosse contra um membro italiano imediatamente a Itália caía toda em cima de quem tivesse anunciado essa posição. Por isso acho que o primeiro-ministro agiu com muita dignidade, defendendo aquilo que é uma posição portuguesa”, afirmou Durão Barroso aos jornalistas, à margem do Congresso Europeu Anual da Insol, em Cascais. O ex-presidente da Comissão Europeia acrescentou ainda não ver motivos para ser restringido nos seus direitos. “Não aceito que restrinjam os meus direitos como cidadão que sou português e europeu.” Barroso relembrou ainda que não foi “para nenhum cartel da droga” e que está a trabalhar “numa entidade legal”.
Barroso mostrou-se desapontado com o tratamento que François Hollande deu à situação, apoiando a decisão de Juncker de mudar a forma de tratamento de que Barroso seria alvo, e lembrou que, no passado, o presidente francês lhe atribuiu uma das mais altas condecorações “que a França pode dar”.
O ex-presidente da Comissão discursava esta sexta-feira no Congresso Europeu Anual da Insol, em Cascais, Portugal, quando confessou que sabia que o Goldman Sachs era um “nome controverso” e que causa alguma desconfiança. No entanto, o seu novo cargo não é motivo para “discriminação”: “Não posso ser responsabilizado por coisas que o banco possa ter feito no passado”, acrescentando ainda “que não fez nada irregular no banco”. Barroso referia-se às declarações de Jean-Claude Juncker, que afirmou que Barroso passaria a ser recebido em Bruxelas “não como antigo presidente, mas como representante de um interesse e será sujeito às mesmas regras” que os restantes lobistas.
“É perfeitamente aceitável de um ponto de vista ético e moral trabalhar para o Goldman Sachs, tal como é ético e moral trabalhar para outros bancos, desde que a pessoa que o faça respeite os princípios éticos, que é o que eu estou disposto a fazer”, declarou Barroso.
Barroso explicou ainda que aceitou o cargo no banco de investimento porque este “deu garantias de que queria reforçar a sua transparência e responsabilidade”.
Sobre o Brexit, o ex-presidente da Comissão Europeia considera que é impossível saber o que se vai passar com a saída do Reino Unido. O ex-presidente da Comissão Europeia disse ainda que os países da UE se devem unir caso queiram manter uma moeda comum.