João Fazenda é o grande vencedor da 20ª edição do Prémio Nacional de Ilustração. Fazenda, um dos muitos ilustradores candidatos ao galardão atribuído anualmente pela Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB), foi distinguido pelas ilustrações de Dança, editado pela Pato Lógico.
O júri, constituído por Susana Lopes Silva, professora da Escola Superior de Educação do Porto, Manuel San-Pavo, professor da Faculdade de Belas-Artes de Lisboa, e Ana Castro, técnica superior da DGLAB, destacou os “aspetos conceptuais, as qualidades gráficas” e “o recurso aos elementos básicos da comunicação visual na composição”, que permitiram criar uma narrativa “original”. O prémio foi atribuído por unanimidade.
Os prémios foram entregues pelo Secretário de Estado da Cultura, Miguel Honrado, numa cerimónia informal na Galeria NovaOgiva, em Óbidos. Estava inicialmente prevista a presença do Ministro da Cultura Luís Filipe de Castro Mendes que, por motivos de agenda, se viu obrigado a adiar a visitar à vila literário, onde decorre o festival até 2 de outubro.
No discurso de agradecimento, João Fazenda salientou a importância do Prémio Nacional de Ilustração, uma vez que “há muito poucos prémios [de ilustração] a nível nacional”. Satisfeito com galardão agradeceu à editora, a Pato Lógico, e à sua família, porque sem eles nada seria possível.
Para além de Fazenda, foram também distinguidos com uma Menção Honrosa Bernardo P. de Carvalho, pelo livro Verdade?! (Pato Lógico), e a brasileira Yara Kono, por Gato procura-se (Caminho), que esteve também presente na cerimónia. Bernardo Carvalho, que se encontra fora de Portugal, não pôde comparecer.
Óbidos, “um exemplo que deve inspirar outros exemplos”
Num pequeno discurso feito antes da entrega dos prémios, Miguel Honrado salientou o crescimento significativo da ilustração portuguesa nos últimos anos e a importância de prémios como este, que funcionam como “um estímulo ao nível da ilustração portuguesa e a uma projeção a nível nacional e internacional”. Elogiando o trabalho da Câmara Municipal de Óbidos que, em tão pouco tempo, conseguiu criar um festival que já “é uma referência” a nível nacional”. “Óbidos é um exemplo importante”, frisou.
No final da cerimónia, em conversa com os jornalistas, o Secretário de Estado voltou a salientar a importância de eventos como o FOLIO, “um exemplo que deve inspirar outros exemplos”. “Os festivais são eventos muito importantes para essa difusão [da literatura e arte portuguesa], mas devemos associar-lhes outros, como por exemplo, a promoção de escritores e da literatura portuguesa em termos internacionais e, também, devemos apoiar o mais possível, e dentro daquilo que for possível a edição”, referiu.
“Os festivais são, em meu entender, eventos de grande importância porque eles próprios são eventos onde a relação entre público e artistas, entre público e todos os intervenientes na cadeia de valor do livro, tem quase uma relação tangencial em tempo real, isso é de facto muito importante.”
Garantindo que “é necessário apoiar este tipo de eventos” porque são “um auxílio muito efetivo à política que o Governo tem em mente”, o Secretário de Estado salientou a vontade que existe por parte dos governantes de criar mais incentivos à cultura. Sem esclarecer que medidas estão a ser estudadas, Miguel Honrado disse apenas que o Governo irá dar “essas notícias à medida que houver concretização” destas.
Para além de Miguel Honrado, estiveram também presentes na cerimónia o diretor da DGLAB, Silvestre Lacerda, e a famosa ilustradora alemã, Jutta Bauer, que viajou até Óbidos a propósito da II Mostra de Ilustração Para Imaginar o Mundo, a PIM!, que foi também inaugurada esta quinta-feira na Galeria NovaOgia. “É tão estranho, as pessoas olham para mim como se fosse uma estrela”, disse, pedindo, envergonhada, para que não olhassem para si, mas sim para os desenhos expostos nas paredes.
A exposição deste ano, que reúne trabalhos dos ilustradores vencedores de todas as edições do Prémio Nacional de Ilustração, é dedicada às crianças refugiadas e às suas famílias. Nas paredes da NovaOgia, podem ler-se as palavras: “Esta mostra é dedicada a todas as crianças refugiadas. Esperamos que todas encontrem o seu lugar“.
O Prémio Nacional de Ilustração foi criado em 1996 para promover o reconhecimento da ilustração original e de qualidade nos livros para crianças e jovens, e distingue todos os anos um ilustrador por um conjunto de originais publicados numa obra editara no ano anterior à atribuição do galardão. Pode, ainda, distinguir duas ilustrações através de duas Menções Honrosas, como aconteceu este ano.
O prémio tem o valor de cinco mil euros, ao qual acresce uma comparticipação de 1.500 euros destinada a apoiar uma deslocação à Feira Internacional do Livro Infantil e Juvenil de Bolonha. As menções especiais têm um valor de 1.500 euros.