O Banco Central Europeu (BCE) poderá começar em breve a estreitar as compras mensais de dívida (pública e privada). Segundo uma notícia da Bloomberg, que já está a fazer inverter a tendência nos juros de Portugal e de outros países, o Conselho do BCE está próximo um consenso para que se inicie um período de redução gradual do programa que, neste momento, está previsto terminar em março de 2017.
A Bloomberg não especifica as fontes que lhe transmitiram a informação, dizendo que se trata de responsáveis do Banco Central Europeu. Mas a notícia pode ter um impacto significativo nos juros da dívida de Portugal e dos outros países, já que aponta para uma alteração no ritmo de compras mensais ao abrigo do programa decisivo de “quantitative easing“, ou seja, de estímulo monetário.
O BCE tem estado a comprar dívida pública e privada num montante mensal total de 80 mil milhões — a meta é essa, ainda que não esteja a ser cumprida à risca — mas a ideia será reduzir ao ritmo de 10 mil milhões de euros, em cada mês, até à conclusão. O objetivo é evitar que as compras terminem abruptamente, de um mês para o outro, o que poderia criar perturbações dada a importância desta presença do BCE no mercado de dívida na Europa.
A estratégia também foi seguida nos EUA, quando se chegou à altura de começar a descontinuar o programa de compra de dívida. Nessa altura, os mercados entraram num período de turbulência e reajuste que ficou conhecido pelo taper tantrum. Foi um período marcado por uma forte subida das taxas de juro, num curto espaço de tempo.
Existe, contudo, um dado crucial na informação transmitida à Bloomberg e que consta na notícia: o interesse de alguns responsáveis do BCE em preparar o final do programa de estímulos existe independentemente de poder haver um novo alargamento do programa, ou seja, para lá de março de 2017.
Os juros de Portugal, que começaram o dia a descer a bom ritmo, inverteram a tendência.
O possível impacto da notícia nos mercados também é visível na evolução do euro (face ao dólar, por exemplo).
Enquanto os analistas e investidores digerem o impacto potencial da notícia, o euro, que começou o dia a cair face ao dólar, também já esteve a subir — nos últimos minutos, voltou, contudo, a terreno negativo mas longe dos mínimos de sessão.
O Conselho do BCE está a promover, esta terça-feira, uma reunião informal antes de os membros viajarem até Washington DC, nos EUA, para participarem nos encontros anuais do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Oficialmente, o BCE descarta a informação avançada pela Bloomberg, assegurando em comunicado que “o Conselho do BCE não discutiu estes temas, como afirmou o presidente Mario Draghi na sua última conferência de imprensa e durante o testemunho recente que prestou no Parlamento Europeu”.