O processo de recuperação da economia “sofreu uma interrupção” e a taxa de crescimento deverá situar-se em 0,9% em 2016, de acordo com o núcleo de estudos de conjuntura da economia portuguesa (NECEP) da Universidade Católica. De acordo com a síntese da folha trimestral de conjuntura relativa ao terceiro trimestre do ano corrente, “os riscos para a economia são agora predominantemente descendentes, destacando-se uma forte preocupação com a evolução do investimento que voltou a recuar no segundo trimestre”.
O NECEP antecipa uma aceleração do crescimento para 1,1% em 2017, “refletindo um menor crescimento tendencial da economia, a incerteza sobre a política orçamental no próximo ano e, ainda, as perspetivas menos favoráveis para a economia mundial”. Para 2018, os economistas da Católica antecipam uma taxa de crescimento de 1,3%, “refletindo uma ligeira redução da estimativa do crescimento potencial da economia”.
Os riscos que ameaçam a economia portuguesa “continuam a ser de natureza financeira, quer os relativos à capitalização do setor bancário, quer ao processo de consolidação das finanças públicas”, considera o documento do NECEP. No terreno das finanças das administrações públicas, o núcleo de estudos assinala que ainda são desconhecidos “quer a estimativa do défice em 2016, quer o ajustamento orçamental a realizar em 2017, bem como as medidas que o suportam”, e que, “tendo em conta o discurso público do Governo, é difícil descortinar as verdadeiras intenções de política económica, bem como a reação da Comissão Europeia”. A “fragilidade” do investimento é outro “motivo de preocupação e pode sinalizar uma forte desaceleração do crescimento, quer em termos reais, quer em termos potenciais”.