O diagnóstico
Parece de propósito. No dia em que o tema desta série de cinco artigos é a higiene urbana, Lisboa está sem recolha de lixo devido a uma greve dos trabalhadores da Valorsul, empresa que recebe os detritos que são recolhidos na capital e outros municípios. É natural, por isso, que as ruas estejam um pouco mais sujas e malcheirosas do que habitualmente. Mas, com greve ou sem ela, o estado da higiene urbana em Lisboa é uma das principais preocupações e queixas dos lisboetas.
No verão de 2014, a cidade engalanou-se como sempre para celebrar o seu padroeiro. Mas o Santo António desse ano ficaria marcado por uma longa greve dos trabalhadores dos serviços de recolha do lixo, que exigiam a entrada de mais pessoal para os quadros e a melhoria das condições de trabalho. Os problemas já tinham começado antes. Com a reforma administrativa de Lisboa, as freguesias passaram a ser responsáveis pela limpeza e varredura das ruas. A câmara municipal, que até então tinha essa competência, transferiu funcionários para as juntas. Só que, tal como António Costa admitiu na altura, ficou pouca gente na autarquia para recolher o lixo, que continuou a ser responsabilidade do município. A situação haveria de melhorar gradualmente ao longo do ano, até porque a câmara contratou 50 novos cantoneiros.
Números do lixo em Lisboa
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2014
Toneladas de lixo recolhidas: 295.472
Casas servidas: 323.981
Ecopontos: 312
Veículos de recolha: 152
Toneladas de lixo recolhidas para reciclagem: 60.835
Nesse ano, que é o último de que existem dados disponíveis e analisados, o serviço de recolha de resíduos urbanos da câmara levou nota negativa no parâmetro “adequação dos recursos humanos” na avaliação da Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR). E só teve nota média noutros três: “renovação do parque de viaturas”, “emissão de gases com efeito de estufa” e “lavagem de contentores”.
No que diz respeito à limpeza e varredura das ruas, as juntas de freguesia viram-se obrigadas a definir dias e horas específicas para cada zona — o que apanhou muitos moradores de surpresa e os deixou desagradados, uma vez que algumas áreas da cidade eram lavadas e varridas diariamente. Entre outros fatores, o boom turístico da capital contribuiu para um aumento da pressão sobre locais como o Bairro Alto, o Cais do Sodré e a Bica, que é onde os habitantes mais queixas têm.
Outra vertente da higiene urbana é a que se relaciona com os grafitti. Lisboa tem-se tornado numa cidade crescentemente procurada pela arte urbana, e até foi casa de um importante festival no Bairro Padre Cruz, mas em centenas de edifícios dos bairros históricos há desenhos a que a maioria dos lisboetas não acha muita piada.
As promessas (de 2013)
Reformular o serviço “Na minha rua”
Lançar uma aplicação para smartphone do serviço “Na minha rua”
Combater a proliferação dos graffiti
Implementar a gestão eletrónica do lixo
Outras medidas (não contempladas no programa de governo de 2013)
No âmbito do Plano Municipal de Gestão de Resíduos do Município de Lisboa, que entrou em vigor em 2015, a câmara também adotou outras medidas:
Comprar novos camiões de recolha de lixo
Instalar novos ecopontos
O que dizem os lisboetas
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